sexta-feira, 26 de outubro de 2012

The book is on the table

Orlando, 25 de Outubro de 2012.

Fechei o ultimo post p da vida! Afinal, aquela estória de perder a mala da Cavala andando por aí - na véspera da viagem, derrota qualquer um.

E pra você ver como povo gosta da desgraça alheia - recebi alguns comentários aqui no blog e alguns emails a respeito deste "causo". Todo mundo achou "engraçado". Tudo bem, faz parte. Afinal, blog é meio como uma novela q vc acompanha e comenta, blz... Manda bala aí que eu gosto desta interação.

 ... e como vc deve estar meio desanimado depois das 9 da noite dado que os chatos da Carminha e do Tufão já foram pro saco (graças a Deus!), vou te ajudar girando mais assunto.

Hoje o papo é diferente. Se você é menina, talvez vc se interesse. Pois fiz nesta semana o que você adora fazer...  afundei (explodi!) meu cartão de credito fazendo compras aqui em Orlando-FL. Isso mesmo. Orlando, a terra do Mickey.

Vim a trabalho, cheguei aqui sábado passado. Não fui a nenhum parque e não vi nenhum bicho - somente um esquilo correndo no estacionamento do hotel. Só trabalhei! Mas deu tempo de nos finais de dia arrumar brechas parar rodar pelos Outlets. E por falar neles, vou resumir em três palavras: coisa pra maluco!

É brasileiro pra tudo quanto é lado, comprando, gastando, puxando malas, sacolas, experimentando camisa no meio da loja.... Nervosos... Como se as lojas fossem fechar rápido e eles tivessem pouco tempo. Homem, mulher, criança, velhinhos... Tudo quanto é idade! Afinal, o motivo é simples.

Como aqui (Orlando/EUA)) não é a terra do Lula, as coisas funcionam e entre elas a relação custo x benefício de tudo dado impostos justos. E para nós brasileiros, mesmo com dólar a R$2 qualquer coisa que vc pense é pelo menos metade do preço.

Mas voltando a falar sobre nosso enredo central...  Orlando não é lugar pra moto e nem motociclista! Afinal, para passear não tem graça: ruas largas, relevo amplo, plano, poucas curvas, vegetação baixa, e mesmo com seu asfalto perfeito o visual é sem sal para se lançar mundo afora sob 2 rodas.

Não vi tb nenhum motoboy (óbvio!). Mas vi vez ou outra alguns (poucos) camaradas de HD e um ou dois de speedy.

Me chamou a atenção também que a maioria deles estava sem capacete. Acho que como aqui o governo não da saúde de graça (não tem INSS / SUS) ele também não te obriga a se proteger. Afinal, "se tu quiser correr o risco de se quebrar, sinta-se a vontade... Basta puxar o cartão de credito!" - prático como são - deve ser assim que os americanos pensam. Justo! Afinal, que cada um arque com a consequência dos seus atos, bem melhor do que o nosso governo que se apoia em leis paternalistas que ele mesmo nem consegue cumprir.

Já para comprar tralhas de moto, Orlando deixa a desejar. Exceção para quem curte Harley Davison.

Antes de vir eu imaginava uma "Leroy Merloy" ...ou uma "decatlhon"... ou uma "Etna" (pra agradar as meninas) só para motociclistas. Mas que nada! Somente achei 3 lojas: BMW, Harley (algumas) e uma loja "Genérica". Todas medianas. Pequenas... se comparadas com as que temos em SP, por exemplo. A ressalva eu faço para a loja da HD.. pois esta sim mantem o estilo teatral / grandioso de sempre. Vale a visita. Veja no rodapé deste post que eu anexei endereços e links.

Desembarquei aqui nos EUA com minha lista de compras pré-definida e focada: meu item número 1 era a desgraçada da mala voadora, mas me preocupei também com as peças que vou precisar trocar no retorno da viagem ao Atacama (revisão dos 40mil km) entre elas o filtro de ar, de óleo, velas, correia do alternador e pastilhas de freio. Comprei tudo! Metade do preço no Brasil...

Mas acabei me rendendo também - como todos - aos encantos dos Outlets. Parti pra briga comprando algumas tralhas fora do enredo central. Afinal, camisas, tênis, equipamentos, acessórios, brinquedos, eletrônicos, roupas de trabalho, ...tudo Imbatível! Com muito mais qualidade e na metade do preço.

Minha esposa também contribuiu para minha desgraça fazendo sua parte mesmo do Brasil, pela Amazon - via web. Fiquei até amigo do segurança do hotel dado que todo dia ele vinha me entregar alguma compra feita por ela. Esse mundo globalizado e conectado ainda vai nos levar a ruína!

Enfim, amanha pego vôo de volta na esperança dos caras da alfândega não me perturbarem por causa das muambas... muito me preocupa a própria mala da Cavala, pois ela sozinha estoura o limite de compras. Enfim... Aguardem os próximos capítulos.

É isso!

...e na ausência de muitas fotos, deixo vocês hoje com minha cara de tristeza.

Essa aqui foi agora, enquanto escrevia este post



Dentro da loja da Harley. Muito legal para os que gostam de Custom.

Show, não ?!
...mas me deu mesmo foi saudade da Cavala



Pátio da Harley com várias motocas para aluguel ou revenda.
E chore um pouco aí..
pois uma bichona semi-nova 1800cc você compra por U$10K (R$20mil)


A tal loja "genérica": http://www.cyclesportscenter.com/
Muita coisa de Cross e pouca coisa para Touring. 

Alguns bons acessórios da Dainese, Alpinestar e outras marcas que não conhecia.


Para bater no ponto dos preços.. repare no valores.
Por R$70 você compra um belo Nike. E na terra do Lula ?

Comprei este espetáculo de 5L com U$10 (R$20)
 Ele nos será muito útil no Atacama, principalmente na travessia do Norte Argentino e Cordilheira

E por fim, fecho este post com a foto da protagonista destes últimos 2 posts.


**************** ENDEREÇO DAS LOJAS **********

BMW Motorcycles of Orlando
8901 Futures Dr. Orlando, FL 32819
http://wpmotorcycles.com/
Store Hours: Monday – Saturday: 9:00 a.m. – 6:00 p.m. / Closed on Sunday


Cycle Gear Orlando
5032 E Colonial Drive
Orlando, FL 32803
Tel.: (321) 299-9903
Fax: (321) 299-9928
http://www.cyclesportscenter.com/

Harley Davison - Orlando
3770, 37th street
Orlando, FL 32805




sábado, 20 de outubro de 2012

A Cavala e sua orelha direita

Sao Paulo, 17 de Outubro de 2012

Estava quase tudo pronto...

Coloquei a bichona na revisão dos 30.000 km com mala e cuia, 1 mês antes da data da partida, justamente para ter certeza de tudo ok com antecedência, tendo ainda algumas semanas para caso achasse algum problema mecânico ou coisa do tipo.

Apertou-se uns parafusos aqui, outros ali, trocaram óleo e filtro, tiraram todas a malas para dar uma boa lavagem e reapertos. Peguei a moto linda no fim do dia - zero bala! Nada pendente... Pronta para encarar os 10mil km que teremos pela frente.

Fiquei namorando ela antes de sair da loja - meio que apaixonado - olhando suas malas laterais, seus cromados e seus acessórios. Linda! Imponente ! Pronta para aventura.

Liguei um bom rock no ouvido, montei na bichona e fomos pra casa tranquilo e com o pensamento voando projetando os próximos
passos e etapas.

Chegamos em casa 20 minutos depois. O rock ainda alto no ouvido, falei "oi" com o porteiro, entrei na garagem e parei na vaga, como sempre. Dei "boa noite" pra Cavala e fui tirar as malas laterais pra guardar em casa. Tirei uma, e fui tirar a outra... Mas cade a pobre da mala? A puta não tava ali! Nem acreditei. Tamanho o "choque", demorei uns segundos para recompor os pensamentos e deduzir o ocorrido.

...eu vim o percurso inteiro ate em casa cantarolando com musica no ouvido e em alguma curva ou buraco a malona direita deve ter pulado voando rolando mundo afora ?!! ...eu segui adiante sem ao menos notar! Sera que causei um acidente e nem percebi?!

%##**%#}]#%^€>~|<€£ !!!!!!

Depois de um monte de palavrão, montei de novo na Cavala e fui refazer o caminho de volta 3 vezes na esperança de acha-la pelo caminho.

"Será que vou acha-la ? Vou sim!", tentei me convencer.

Lembrei da minha lua de mel quando minha esposa perdeu a aliança (novinha!) mergulhando comigo por quase 2 horas em um rio em Bonito - MS. Naquela ocasião - meio que sem esperança - ofereci R$50 + R$100 de recompensa para uma rapaz refazer o percurso no rio na tentativa de encontrar o pobre anelzinho perdido na imensidão.

E se o cara achou uma agulha no palheiro... Vou sim achar minha mala na cidade grande!

Corri pra la... Corri pra ca - com olhos vidrados em cada canto, em cada esquina. Tu ta curioso?! Quer saber se achei a sumida?!

...achei nao. Me fudi.

Voltei pra casa desolado e cabisbaixo, me xingando e xingando o desgraçado do mecânico que me entregou a moto com a mala mal colocada.

E fica aqui + uma lição aprendida! ..sempre revise vc! Não dependa dos outros! Mané!

Poderia ter sido pior... Afinal não vi acidente nenhum... E imagine se tivesse ocorrido no meio da viagem com as roupas da minha mulher dentro... Ai sim eu estaria na merda.

Desculpe-me pelos vários palavrões, pois faz parte do desabafo, e bola pra frente... pois tenho agora que ir atras de uma nova orelha direita pra Cavala.

E como to sem foto interessante, fica aqui o registro da minha cara de mane!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

GPS Garmin Zumo 660 e suas facetas

São Paulo, 16 de Outubro de 2012

Nesta reta final de preparação vou dividir com vocês alguns aprendizados que tive sobre os principais acessórios / eletrônicos que estou usando bem como falar também sobre a manutenção/revisão final da Cavala.

No último post falei sobre a escolha dos pneus, você leu?  Hoje vou falar sobre o uso do GPS Garmin Zumo 660 e suas facetas.

Já sou usuário deste aparelho há mais de 4 meses com uma boa carga horária de pequenas viagens e bate-voltas acumulados. Confesso que até pouco tempo atrás estava um pouco decepcionado com ele seja pela “complexidade” de montar os roteiros, seja pela baixa precisão do mapa da própria Garmin - mas na verdade, tudo tem a ver com meu (baixo) grau de conhecimento. Afinal, foram inúmeras situações em que o bichano me deixou na mão não encontrando estradas ou me levando por caminhos mais distantes.

Semana passada decidi me embrenhar google adentro lendo, me informando, pesquisando em fóruns de discussão e coisas do tipo. Depois coloquei em prática os novos ensinamentos nesta última viagem ao Sul de MG. Eu diria que meu grau de conhecimento saiu de “calouro-prego” para “calouro-senior” e fato é que depois deste upgrade, melhorou muito a usabilidade e por consequência minha opinião sobre o bichão!  Enfim, vamos as lições aprendidas:
  • Não gaste seu dinheiro comprando nenhum mapa!! Eu fiz esta besteira e comprei o City Navigator® South America NT. Ele é incompleto principalmente quando você trafega por estradas secundárias /estradas de terra (testei pelo Sudeste do Brasil, em trechos por RJ, SP e MG);
  • Entre aqui http://www.tracksource.org.br/  - e baixe o mapa TRC-Brasil gratuitamente. Muito bom!;
  • Tracksource é uma organização sem fins lucrativos que vem agregando milhares de usuários visando aperfeiçoar os mapas e coisas do tipo. Imagino que deva ter alguma universidade/instituto de pesquisa por trás desta org, mas não estou seguro. Fato é que o mapa é muito bom, muito preciso e rico em detalhes;
  • O equivalente que cobre Argentina/Chile/Uruguai você acha no seguinte site: http://www.proyectomapear.com.ar/. Este mapa aqui, por motivos óbvios ainda não testei. Mas em menos de 40 dias vou poder tirar minhas conclusões;
  • Ambos os mapas, você precisa instalar usando do SW da própria Garmin – MAPINSTALL. Importante ressaltar que estes mapas são quebrados por região, e se faz necessário instalar cada região em separado, conforme sua necessidade de uso;
  • Uma vez instalado, passe a montar seus roteiros via MAPSOURCE (outro sw nativo da Garmin), sempre optando pelo mapa que você irá usar no momento. Monte no micro, estude, simule, mude, divirta-se e depois baixe para o GPS. Funciona muito bem!;
  • A última dica: no seu GPS, sempre habilite 1 mapa por vez. Na configuração dele você tem como clicar nos mapas a serem disponibilizados. Se você escolher mais de um mapa cobrindo a mesma região.. ele se perde/se confunde;
  • Por fim, qualquer dúvida, mergulhe neste fórum que com certeza você vai encontrar sua resposta: http://www.portalgps.com.br/

·         Divirta-se!


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Manutenção/Revisão - Troca dos Pneus

São Paulo, 15 de Outubro de 2012

Comecei hoje o último capítulo do Projeto Atacama - me refiro a manutenção e revisão final da Cavala, preparando-a para os 10.000km que nos esperam.

E hoje foi o dia de trocar os sapatos da bichona. Fui no Alemão Pneus (http://www.alemaopneus.com.br/index.htm), na Av. Santo Amaro - onde fui muito bem atendido pelo Guto. Esta loja foi uma das mais bem indicadas por outros motociclistas inclusive pela própria autorizada BMW.

Os pneus atuais já estavam completamente detonados, principalmente o traseiro. Aproveitei também para revisar as pastilhas, rodas, discos e rolamentos. Os rolamentos estão zerados, mas as pastilhas e disco traseiro já estão em fim de vida (vou comprá-los no exterior). Tive também que desempenar a roda dianteira, que estava ligeiramente "fora do eixo".

Descobri também que meus anjos da guarda trabalharam forte nos protegendo neste últimos meses. Pois o pneu da frente já tinha sido reparado com um destes macarrões (já comprei a Cavala assim e não fazia a mínima ideia deste reparo). Diz o Guto - especialista em pneus/foi quem me atendeu -  que corri um risco imenso pois o pneu dianteiro não tem estrutura para rodar com este reparo, sendo somente um item para uso em emergência e baixa velocidade. Ele inclusive me contou a história de um casal de amigos que rodou com um destes reparos e o pneu estourou em uma curva. O piloto morreu na hora, e sua esposa voou barranco abaixo..

No meu caso, rodei mais de 10.000km em velocidades e pisos variados com o diabo deste reparo dentro do pneu sem fazer a mais puta ideia do risco que estava correndo. ....Jeeeeesus! O proprietário anterior da Cavala poderia ter me avisado ou mesmo com minha santa inexperiência eu deveria ter perguntado. Enfim, lição aprendida e fica aqui meu sincero agradecimento aos meus santos protetores.

Sobre os sapatos escolhidos, optei por um conjunto Metzeler Tourance - exatamente o pneu original que vem com a Cavala de fábrica. Já tinha lido sobre eles em fóruns de discussão e o vendedor foi também tão convincente que não me restou duvida. A vida útil deste conjunto vai até uns 18.000 km, quase o dobro do que devo rodar na viagem - sendo mais do que suficiente para ir e voltar, nos atendendo muito bem também no trecho de rípio do Paso de Agua Negra. Excelente!

A outra opção seria partir para algo mais o50/50 (50% offroad e 50% on road) - ele indicou o Continental TKC. Só que a durabilidade é bem menor - cerca de 9.000 km, e ele perde também um pouco de aderência no asfalto - sendo mais indicado para longos trechos de rípio/terra. Como no nosso projeto vamos rodar 99% no asfalto (e somente uns 300km de terra), vamos de Tourance mesmo.

Para os curiosos... torrei no total R$1.500 dividido em 5x  - no valor total incluiu os pneus (R$450 e R$500 cada um), balanceamento, desempeno, mão de obra, bicos e de brinde uma aula sobre pneus

A Cavala trocando os sapatos.

Metzeler Tourance - 90/10 - perfeito para nossa empreitada, ótimo no asfalto,
 indo bem também em terra batida, com durabilidade na faixa dos 18.000 km



A Cavala de sapato novo.

Roda dianteira da Cavala que foi para reparo/desempeno
Ta aí o diabo do macarrão (reparo) que poderia ter mudado
o rumo dos acontecimentos

Boa sugestão também - continental TKC - 50/50 - mais adequado para
longos trechos de terra/rípio, sacrificando um pouco a aderência no on road

Guto - especialista que me atendeu na loja. Nota dez o atendimento!

domingo, 14 de outubro de 2012

Ibitipoca / Sul de MG - Parte 2/2


São Paulo, 14 de Outubro de 2012

Hoje (domingo) o dia foi de estrada. Acordamos cedo em Ibitipoca, arrumamos as Cavalas e seguimos correndo da chuva rumo a SP por quase 520km. Viemos bem e chegamos inteiros no fim de tarde.  

Mas este post aqui vou dedicar ao dia de ontem: Fizemos uma bela trilha no Parque Estadual de Ibitipoca - fomos pela Ponte de Pedra até a Cachoeira dos Macacos.  Fantástico!!  E sem lero-lero.. vamos direto para as fotos. 

Ao longo da semana eu anexo o vídeo da viagem.

PS: Esta foi a última viagem - o último teste - meu último bate-volta antes da viagem para o Atacama. Agora é fazer a revisão dos 30mil km, trocar os pneus, ajustar os últimos detalhes e aguardar o dia 14/novembro - data da partida. Falta pouco!

Até!!




















sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Ibitipoca / Sul de MG - Parte 1/2


Ibitipoca, 12 de Outubro de 2012

Escrevo neste momento com fone de ouvido, uns rocks alternativos na cabeça, e tomando uma cachaça com mel na cabeceira de uma pousada em Ibitipoca. To tossindo igual cachorro sem dono, afinal me molhei muito hoje... o que esta aguçando uma gripe mal curada de mais de 10 dias.

Lá fora ta um frio gelado da porra - talvez uns 10 graus - e uma chuva que estraga qualquer um. Mas hoje o dia foi bom. Rodamos desde cedo sem pressa, sem compromisso - cortando quenem flecha o Sul de Minas Gerais rumo a Conceicão do Ibitipoca. 




Este vilarejo fica perto de Juiz de Fora, colado em uma pequena cidade chamada Lima Duarte. Aqui fica o Parque Estadual de Ibitipoca - local de beleza única, cheio de cachoeiras, grutas, ...muito bem preservado, excelente para camping e muitas caminhadas.

Fazia tempo que eu não passava por aqui. Há anos atrás, locais como este, ou Carrancas, São Thomé das Letras, Matutu, Trindade, .. eram meus redutos de fim de semana para acampar e tocar muita viola, regado a forró e sangue de boá (vinho de garrafão). Mas isso é uma outra história.

Nossa viagem começou ontem - quinta, fim do dia - quando saímos de SP para pernoite em Campos do Jordão. Chegamos bem, apesar to transito dos infernos (dado feriadão) e chuva sem fim -   já me sinto bem a vontade em pilotar debaixo d'água, inclusive. E hoje acordamos cedo para acelerarmos pelo sul de MG até aqui - Ibitipoca - local de onde escrevo agora. 

Minha amada veio comigo desta vez. Foi como um último ensaio para nossa viagem para o Atacama. Nossa ideia era fazer dois grandes testes: (1) testar as bagagens / arrumações na moto; e  (2) testar a resistência dela (minha esposa) em longos trechos (>500km), incluindo estrada de terra. Esta "prova" iria definir o tempo que ela participará comigo da nossa empreitada pelo Atacama-mundo-afora. 

Se ela se sair bem... ela irá sim cruzar a Cordilheira comigo, e participará da maior parte da viagem incluindo o rípio do Paso de Agua Negra. Por outro lado, caso ela não "passe" sua participação na grande viagem ficará restrita ao trecho on road entre a Cordilheira e o Atacama e de lá ela pegaria um vôo de volta para o Brasil e eu seguiria rípio adentro. E aí... será que ela suportou ?

Suportou sim, com louvor!! E depois de hoje, relaxei. Ela é pau para toda obra!!  ...ficou tão "a vontade" na moto que depois de horas ali sentada, vez eu outra eu a catucava com o cotovelo preocupado dela estar dormindo e cair de lado rolando pelo asfalto mato adentro. Mas ela respondia pelo scalarider (comunicador) tranquila.. relaxada, na verdade resmungando por eu estar interrompendo sua música. Éhh.... fazê o que, dancei. A bichinha topa qualquer parada. Daqui há pouco ela vai aprontar me falando que também vai tirar carteira e comprar uma moto... e rodar por ai, me pedindo um alvará para que eu fique com nossos filhos nos fins de semana...  :))  Só falta essa !!

Enfim, rodamos quase 600km entre ontem e hoje, pegando chuva, frio, calor, trechos sinuosos, estradas de terra.. de tudo um pouco. Aproveitamos bem, principalmente o bom asfalto e as boas curvas das estradas do Sul de Minas. A Cavala veio abarrotada de bagagem - mas chegamos muito bem, felizes, relaxados, animados. 

Ainda em tempo, nesta viagem também nos acompanharam o Richa/esposa  e a dupla Rodam/Cleiton e suas esposas. Eles também estão na fase final de preparação para uma longa viagem com data de partida também prevista para 14/nov. Só que no caso deles o destino final é Machu Pichu, no Peru.

Vou dormir pois estou mal e amanhã é dia de longa caminhada...    depois conto como foi em um próximo post.








domingo, 7 de outubro de 2012

Ilhabela & Mais uma história de vida


São Paulo,6 de Setembro de 2012

Meu ipad e a internet são bons amigos de noites sem sono, assim como um bom livro. Depois de todos os afazeres de um dia normal costumo deitar e navegar a esmo, primeiro clicando no globosporte.com em busca de notícias do meu vascão, as vezes releio também meu próprio blog... rindo um pouco principalmente do início desta empreita, e várias vezes fecho a noite com leituras de outros blogs com histórias de outros viajantes. É como um ritual de todas as noites, sendo um ótimo remédio para pegar no sono. 

Ultimamente tenho lido sobre motociclistas – por motivos óbvios..   mas os meus blogs preferidos são sobre velejadores e suas lições de vida.  Apesar de tão diferentes, a similaridade entre estes dois mundos é absurda, dado que sua essência esta no mesmo dna aventureiro e “desgarrado” – já escrevi  um “devaneio” a respeito disso, lembra ? (http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/01/meus-fantasmas-x-meus-sonhos.html). E quanto mais eu leio e navego, mais descubro.

Você sabia que tem um monte de gente que roda a América do Sul de moto? São vários por ano! Descobri até que meu projeto Atacama é  “fichinha” pois tem aqueles que preferem ir mais longe.. até o Alaska, por exemplo.

E você sabia também que tem um monte de gente neste exato momento dando volta ao mundo por aí embarcado em pequenos veleiros, solteiros, casados, jovens, aposentados, com um, dois, três filhos ? Quanto mais leio, mas percebo o quanto somos uma gota no oceano. E nessas leituras, descobri uma história fascinante que quero compartilhar por aqui.

O nome do protagonista é Sergio – mesmo nome do meu pai. Também barbudo com pele queimada de sol e dois filhos – Jonas e Carol. O cara sempre velejou e sempre planejou viver em um barco e rodar mundo a fora com a  família. Planejou e sonhou este sonho em parceria com sua esposa. Chegaram a soltar parte das amarras se mudando de SP para Ilhabela. Até que veio um vendaval e sacudiu de forma repentina sua vida virando tudo de cabeça pra baixo: de uma doença repentina sua esposa faleceu, deixando-o com os dois filhos pequenos (6 e 7 anos na época).

Mas ele manteve o prumo mesmo meio de “cabeça para baixo” - e retomou seus sonhos e seus planos alguns anos a frente.  Quando os molequinhos estavam com 11 e 10 anos ele decidiu se lançar ao mar com os dois mundo a fora.  Moraram pela costa do Brasil indo até o Caribe para 1 ano e meio depois voltar para Ilhabela. Não satisfeitos, fizeram upgrade de barco, reabasteceram e foram de novo, só que desta vez indo um pouco mais longe, indo pelo Brasil e Caribe até um "bate-volta" cruzando o Atlântico até Europa por quase dois anos. Só os três: pai e filhos - três grandes amigos. Eles retornaram em fevereiro de 2012 para o Brasil.

Achei tão inspiradora esta história que decidi mandar um email para ele. E de alma aberta ele me respondeu e me convidou para dar um pulo lá na Ilhabela para conhecê-los. E assim o fiz. E este foi o meu bate-volta de moto deste fim de semana. 

Saí de SP na sexta fim do dia e depois de uma estrada pesada com chuva forte, cheguei na Ilha ao anoitecer, para um café com empada de shitake no Ponto das Letras – minha livraria preferida – e também nosso ponto de encontro.

Passamos uma noite de papo astral regado a pizza, e eu com meu “interrogatório” curioso para perguntar sobre os detalhes da viagem e, principalmente, sobre os bastidores da vida deles.  Foi como conhecer os protagonistas de um bom livro...ou os protagonistas de uma história real de vida. 

Almas boas, puras – que poderiam ter "desistido" depois que a vida os sacudiu. Mas não, fizeram ao contrário. Se fortaleceram, tiraram lições, seguiram adiante,  seguiram seus sonhos..  e viveram muito. Vivem até hoje. Cada dia um dia bem vivido. De sorriso largo e almas contagiantes. Reconhecem através dos detalhes os reais valores da vida. Muito legal! Lição de vida

Acordei sábado bem cedo, com a história deles na cabeça para logo depois empacotar minha bagagem e seguir com minha Cavala para balsa de volta para SP.

Com muita música boa nos ouvidos, e estrada limpa, a Cavala galopou firme, curva a curva... dando asas para meus sonhos vagarem alto. Afinal, quem sabe um dia...

Vou parar por aqui.. pois mais detalhes desta história estão a um simples clique seu...


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Sérgio, Jonas e Carol,
Obrigado por me receberem e compartilharem suas histórias. Foi bastante significativo pra mim. A história de vocês é bem mais do que uma viagem em um barco, mas sim uma grande lição de vida, lição de família, lição de amizade. Obrigado! 

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E vamos as poucas fotos que tirei...


Empada de shitake no Ponto das Letras - Perfeita !

quem sbe um dia...


Na balsa de volta para SP