terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Ida ao trabalho: Niterói - RJ

Niterói, 28 de Fevereiro de 2012.


Reencontrei a magrela ontem à noite – “ahhhh que saudade de você!!”.


Retornei de férias no último domingo, e segunda-feira bem cedo pela manhã já estava na ponte aérea para uma longa semana de trabalho no Rio de Janeiro. Fazia 30 dias que não pisava por aqui. No fim do dia, tarde da noite, já em Niterói, reencontrei minha velha amiga, empoeirada, encostada na garagem, carente de amigos e de boas aceleradas.  Traí-a recentemente velejando (ao invés de motocando), mas faz parte da vida – ela me entende.

O resto de gasolina que restou no tanque, nestes últimos 30 dias, fez com que ela tossisse um pouco no começo, mas nada grave. Logo depois das primeiras aceleradas já colocamos o nosso papo em dia e retomamos nossos planos de treinamentos e de preparação para grandes viagens.

Vim de SP com a mala cheia de acessórios (comprados recentemente na Gen. Osório – disneylândia dos motoboys paulistanos). Pretendo nos próximos dias melhor equipá-la e em breve seguir com ela pela RJ – Santos, trazendo-a para SP – sua morada final.

Hoje (terça-feira) fiz algo que há poucos anos atrás eu achava um absurdo.  Resolvi ir de moto ao trabalho, atravessando a ponte RJ-Niterói.  Assunto “bundão” para qualquer motoqueiro normal, experiente. Mas para mim – calouro, iniciante, zé ruela – a ida para o trabalho hoje representou mais um (pequeno) degrau ou (pequena) barreira superada, a quebra de um velho paradigma.

Espetacular o visual do mar lá do alto da Ponte, melhor ainda fazer em 30 minutos um trajeto (engarrafado) que de carro leva-se hoje de 1 a 2 horas - dado as obras em andamento para preparação para olimpíada. Fui com o capacete “vagaba” novamente (o tal aberto, que custou barato), e novamente me arrependi, com minha testa e orelha doendo no final do percurso – eta capacete porcaria.

O trânsito do Rio de Janeiro ainda não está tão “evoluído” como o de São Paulo. Além de não ter rodízio, por aqui não existe o tal “corredor” dos motoqueiros. Talvez pelo fato do RJ não sofrer (ainda) com a epidemia de motoboys como SP, sei lá. Interessante também perceber que o “clima” entre motorista e motoqueiro é muito mais respeitoso, diferente do “ódio silencioso” que tem em SP entre estas duas diferentes tribos. Fato é que as motos por aqui costuram em todas as linhas, entre carros, pelo canto direito, esquerdo, por todo lado, fazendo vários zique-zagues desordenados. Em dado momento percebi que parte destas linhas inconstantes feitas por eles se deviam a minha pessoa – visto que fui lento, e às vezes formou-se fila de apressados atrás de mim. Faz parte. Não me abalei. Fui na minha, sem pressa, no meu ritmo, conversando com a Magrela e com deus. Hoje uma simples ida ao trabalho se transformou em um belo passeio. Valeu!


Minha volta à noite foi ainda mais tranquila. Mais fresco, menos carro, Ponte RJ-Niterói bem livre com transito fluindo. Retornei em 20 minutos - eta coisa boa. Me incomodou muito o vento no olho - dado que o capacete é aberto. Senti muita falta do meu óculos noturno que uso para pedalar de bike - destes transparentes. Até no pedágio da ponte a coisa foi tranquila dado que os caras fazem uma fila específica para motoqueiro.


Enfim, hoje me dei conta que existem 2 Niteróis: a primeira, para quem anda de carro e vive puto engarrafado no trânsito sem solução, e a segunda para quem anda de moto e está a 5 minutos de qualquer lugar. Acho que gosto mais desta última!


As fotos que se seguem tirei da internet (exceto as duas últimas) - somente para dar o "clima", me perdoem os amigos, mas achei melhor não parar lá no alto da Ponte para bater foto. Quem sabe na próxima vez..


(Nota do autor) Minha linda esposa, quando você ler estas linhas – não brigue comigo e nem tire meu jantar, por favor. Prometo que estou sendo prudente e cauteloso. Amo muito vcs três! 

(Fonte: Internet)

Olha ela aí, olhando de cima (Fonte: Internet)

Essa aqui, tem tudo a ver comigo!!!  (Fonte: Internet)

também não fui eu quem tirei, mas poderia ter sido - pois esta foto
 é a cara da Ponte RJ-Niterói atualmente (Fonte: Internet)

Idem (Fonte: Internet)



Fila para motos no pedágio da Ponte (fonte: eu mesmo)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Hoje tirei minha Habilitação

São Paulo, 10 de Fevereiro 2012.

Madruguei hoje no Parque Ibirapuera para fazer a prova prática e tirar a habilitação (o que eu apelidei de "prova - caminho de rato"), e às 8:30 já estava liberado, com zero erros e aprovado.

Como cheguei cedo, tive que esperar minha vez  e  tive a oportunidade de sacar o ambiente e refletir sobre o perfil dos futuros-novos motoqueiros e também sobre o nosso querido (e ineficiente) país.

Que processo horroroso este para tirar a habilitação! Não serve para nada, literalmente.  O Detran "vende complexidade" (e cobra por isso) - e serve para sustentar a ineficiência de um sistema inteiro, ajudando a bancar o nosso custo-da-mediocridade, ou simplesmente: custo Brasil.

Comecei esta chatice em Novembro...  catei uma moto escola aqui em SP preenchi um monte de papel, levei no Detran, fui numa fila, depois pulei pra outra, ....colhe-se as digitais (todos os dedos), bora pra outra fila, e blá blá blá..     Você sai do Detran pensando que já cumpriu metade do processo e que falta pouco... mas que nada! Dias depois, você cai na real e percebe que a "via-crucis" está somente começando e que o negócio vai levar uns bons meses.

Te obrigam a fazer 15 "aulas" práticas! Até ai, tudo bem.  Porém, tem 2 grandes problemas:

O primeiro... a aula ocorre em um lugar (no Ibirapuera, no mesmo local onde é realizado a prova), porém a motoescola (escritório) fica em outro bairro longe dali. O detalhe é que você é obrigado  a ir colher as suas digitais antes e ao termino de cada aula, fazendo uma espécie de "check-in/check-out" 50 minutos depois no computador da motoescola.  Conclusão: como a logística é enrolada, você acaba não fazendo quase nenhuma aula prática..   e simplesmente se limita a ir ao escritório, colher as digitais,   esperar sentando lendo uma revista (ou tomando um chopp no bar da esquina), e depois volta para marcar o "término da aula".

E te obrigam a fazer isso 15 vezes (em dias separados, jesusss!). Lá pela 3a vez, pensei em cortar um dedo meu (ou cortar os meus pulsos!!!) para deixar com o atendente para ele colher as digitais nas vezes seguintes... mas ele me alertou que sairia caro, pois o diabo do sistema sorteava um dedo diferente a cada coleta (uma vez o furabolo, outra o dedão, ora mão direita - ora da esquerda, e por ai vai) - e eu precisaria deixar todos os 10 dedos.., logo abandonei a idéia e continuei o processo.

O segundo problema diz respeito à qualidade das aulas. Dado meu grau de inexperiência - até pensei em aproveitar bastante para aprender. Mas esquece! Ninguém está preocupado em te ensinar nada. A preocupação do povo é de te "adestrar" te ensinando a se equilibrar na magrela para você percorrer o caminho de rato inteiro, sem fazer besteira e passar na prova.  Resumindo: fiz 2 aulas de fato para conhecer a "pista", mas fui 15 vezes no escritório colher digitais.  Que dureza!!

E hoje foi o grande dia de finalizar o processo idiota e fazer a prova.

A prova em si, foi rápida e fácil.  O mais divertido foi ficar observando o perfil da multidão que estava como eu na fila aguardando a vez. Gente de todos os tipos, idades, sexos, cores, ricos, pobres, etc.... várias mulheres, inclusive. O curioso foi perceber que a grande maioria mal sabia montar na moto..  e ia aos trancos e barrancos se equilibrando nas magrelinhas para não esbarrar em nenhuma linha branca... ou atropelar um cone, e no final... bingo!  ...aprovado!! É duro se dar conta da quantidade de "novos motoqueiros(as)" que toda semana entra no dia-a-dia das grandes cidades, se espremendo pelos corredores de carros, sem nenhum (ou quase nenhum) preparo.  Não é a toa que todo dia morrem vários.

Enfim, mais uma etapa do meu plano realizada. E agora já posso pensar na minha 1a (pequena) viagem.


os últimos minutos da "via crucis"
Fila de espera para fazer a prova

Prova Prática (= "caminho de rato"). Se pisar na linha branca,
colocar o pé no chão, ou deixar a magrela morrer.... babou!!