domingo, 30 de dezembro de 2012

Pós-Viagem: Dicas Finais

São Paulo, 30 de Dezembro de 2012

(continuação do post http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/12/pos-viagem-parte-4-sobre-o-combustivel.html)

Fecho este capítulo de opiniões "pós-viagem" com dicas e toques finais compartilhando as pequenas coisas, as pequenas regrinhas, que aprendemos e implementamos ao longo da nossa aventura. E por mais simples que sejam, acredite: fazem uma boa diferença no dia-a-dia de uma longa viagem, com horas de pilotagem e várias paradas e longos trechos.

Curioso é perceber que a natureza humana é buscar a evolução e inovação. E que quanto maior a maior a "adversidade", .. quanto maior os "extremos", mais você sai da sua zona de conforto sendo justamente neste ponto que você aprende, que você experimenta, inova..  e evolui.

Ok, to viajando!! ... faz parte. Então chega de lero-lero, e vamos as pequenas "inovações" que fomos desenvolvendo e implantando ao longo dos 21 dias.


(8) DICAS FINAIS  ****************



CAIXINHA DO PEDÁGIO: 


Ela ia sempre na mala de tanque, dentro de uma caixinha de sabonete com vários trocados e moedas. 

Eu sempre entregava a caixinha inteira para menina dos pedágios, sem tirar nem luva, nem capacete. Prático assim! ..e funcionou 100% das vezes. 

Devemos ter economizado umas "500 horas" ao longo dos 21 dias nos mais de 50 pedágios que pagamos pelo percurso.




ALIMENTAÇÃO: Minha recomendação é simples: Leve sempre comida contigo (mas não coisa de gordo!!) e mantenha-se sempre alimentado. Primeiro pois a viagem é bastante desgastante e segundo pois você nunca sabe o que vem pela frente. 


Levei muita proteína, barras de cereais, polenguinho e sucos nas malas da moto, buscando manter o mesmo hábito alimentar que tinha no Brasil na preparação para viagem (comendo várias vezes ao longo do dia, pequenas/médias porções).

E de fato, por vezes enfrentamos caminhos alternativos sem pontos de parada e o fato de levar sempre comida e bebida nos tirou por vezes de enrascadas, nos garantindo ao menos o esqueleto nutrido.  

Esta garrafinha branca ao lado usamos muito, e por vezes parava pelo caminho e fazia um "shake" de proteína (misturando pó com água) ajudando a repor as minhas energias e as do grupo.





CABO DE SEGURANÇA PARA GOPRO: 


Sempre que você for usar a GOPRO, É MANDATÓRIO usar um "cinto de segurança" pois as peças de plástico talvez não resistam a trepidação do motor. 

O fabricante não te diz isso, mas eu fui teimoso e adaptei esta cordinha como proteção.

E de fato, se não fosse ela.. eu teria perdido a máquina nos primeiros dias de viagem pois a trava de plástico que prende a máquina a moto quebrou não resistindo a trepidação do motor e vento contra.


SUA ORGANIZAÇÃO E GUARDA DE COISAS IMPORTANTESSão muitas as paradas e inúmeras as tralhas que todo dia você carrega de um lado para o outro. 

É muito fácil (vou repetir:   ...é MUITO FÁCIL!!!) você perder ou esquecer coisas pelos cantos ao longo da viagem, seja nos hotéis, ou mesmo nas pequenas paradas em postos de gasolina pelo caminho. E uma simples perda de um documento, cartão, ou chave - pode vir a arrasar sua viagem.


Minha recomendação é simples: assim como você  em casa já tem certas regras de organização como onde guarda sua gravata, ou onde você coloca seus documentos, faça o mesmo durante a viagem, criando hábito por repetição, facilitando seu dia-a-dia.

Segue as pequenas regras que apliquei - bem simples e eficientes:

  • CHAVES: Sempre no pescoço!! ...até mesmo quando eu saia a noite, ela ia comigo pendurada!
  • CHAVE RESERVA: entregue para seu parceiro (e vice-versa).
  • PASSAPORTE/HABILITAÇÃO/DINHEIRO/DOCUMENTO DA MOTO - itens mais importantes da viagem!! ...guardei sempre no bolso esquerdo impermeável da jaqueta. Eu decorei o seguinte: lado importante é o lado do coração (lado esquerdo)... e nele sempre estava os itens mais importantes que carregava comigo.
  • DINHEIRO ADICIONAL/RESERVA: sempre no bolso direito impermeável da jaqueta



LIMPEZA DAS VISEIRAS:

Na cidade, por vezes eu passo dias sem limpar a viseira. Mas na estrada é o oposto! Dado volume de insetos que você esbarra pelo caminho a viseira ficava completamente suja em 15 minutos de estrada nos obrigando a toda parar para limpá-las.


Minha recomendação é simples: Compre um limpador destes ai ao lado (com rodinho e esponja), e guarde ele sempre a mão na mala de tanque, pois ao longo do caminho ele será usado milhares de vezes.

E sempre que acabar complete de novo com um pouco de shampoo ou sabão.

Parece piada.. mas este foi um dos itens mais usados ao longo de todo o percurso - e por vezes o usei parado em um acostamento sem ao menos tirar a luva, buscando uma rápida limpeza.

SOBRE DINHEIRO:

Leve dólar, muito dólar! E esqueça real, pois ninguém aceita. Quanto ao peso chileno e Argentino, leve um pouco (somente para sobreviver os primeiros dias). Mas de preferencia para ir trocando dólar pelo caminho, pois o câmbio paralelo (negociado no comercio, farmácias, restaurantes) é muito melhor do que o cambio oficial que você negocia aqui do Brasil, por vezes negociamos taxas de 30% a 40% melhor do que compramos aqui.

Cartão de crédito: na Argentina aceita pouco, no Chile é mais comum. Mas por vezes as maquinas engasgavam pois não reconheciam/não aceitavam cartão com chip. Logo tenha sempre moeda local em mãos.


SOBRE DOCUMENTOS:

Carteira de Habilitação, Documento da moto no seu nome e seguro carta verde: são todos obrigatórios! Fomos parados mais de 5 vezes e tais documentos foram sempre solicitados.

PASSAPORTE: leve também! pois vai acelerar o tramite burocrático na aduana. Apesar de que sua carteira de identidade também pode ser usada desde que data de emissão seja menor do que 10 anos.

Carteira de habilitação Internacional: desnecessário - ninguém nos pediu. Basta a carteira nacional.

Tire copia eletronica de tudo (cartoes, docuementos, etc.)  e guarde no seu email / ou outra forma acessível pela web.



É isso!  Em breve, colocarei  um ultimo post..   - um de despedida, fechando o projeto, encerrando este blog. Aguardem.



sábado, 29 de dezembro de 2012

Pós-Viagem: Parte 4 - Sobre o Combustível & Roupas

São Paulo, 29 de Dezembro de 2012

(continuação do post http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/12/pos-viagem-parte-3-sobre-o-roteiro.html)


(6) Sobre o COMBUSTÍVEL ****************

PREÇOS: Muito similares ao Brasil - talvez um pouco mais caro, porém compensado pela qualidade. Rodávamos entre 150km e 220km e em média gastávamos $100 pesos Argentinos ou $12.000 pesos Chilenos ~ girando entre R$40 e R$50 por parada;

QUALIDADE: bem superior a gasolina do Brasil. Por lá não há problema de adulteração/mistura de combustível. Tal qualidade não era percebido na aceleração, pois a eletrônica das motos compensava a diferença, mas sendo visível no consumo médio com desempenho 20% a 30% superior comparado a gasolina Brasileira (a moto gastava menos);

CONSUMO: na maior parte do tempo mantivemos medias de velocidade entre 120km/hr e 140km/hr. Minha moto como tinha mais bagagem (fui com alforges amarrados sobre as malas laterais) arrastava muito mais no vento mantendo um consumo entre 12km/l e 14km/l. Já a moto do Richa manteve medias entre 15 e 16; Quando nossa velocidade média estava na casa dos 90 a 100km/hr o consumo melhorava absurdamente indo para faixa dos 18km/l;

POSTOS: excelentes, superiores ao do Brasil - sendo verdadeiros oásis no meio do deserto com ar condicionado, papel toalha nos banheiros, sanduíches, gatorades gelados e internet. Demos sempre preferencia ao YPF e SHELL;

DISTÂNCIA ENTRE POSTOS: o máximo que encontramos foi 180km de distância entre um posto e outro, mas foi somente em trechos mais inóspitos como por exemplo a travessia da Cordilheira por terra.

O normal eram distâncias inferiores a 100km, logo não se fazendo necessário galão reserva. Mas mesmo assim (por segurança e desconhecimento) mantivemos nosso galaozinho de 5L cheio para uma eventual emergência.



(7) Sobre a BAGAGEM & ROUPAS ****************


Este capitulo é muito pessoal e relativo, mas vamos tentar contribuir mesmo assim.

Antes de tudo tenha em mente que 80% do teu tempo você estará pilotando. Tenha em mente também que todo dia você terá o ritual de fazer e desfazer malas, arrumar e desarrumar a moto, entrar e sair dos hotéis. Logo exageros em roupas, variedades resultando em várias malas e pesos são completamente dispensáveis, podendo virar um estorvo durante a viagem.

Dê preferência a roupas dryfit - destas de academia - pois são leves, não fazem volume e são de fácil lavagem/secagem. Demais roupas para sair, passear... sugiro simplificar também, dado que estará tudo sempre amassado e você estará sempre cansado devido ao esforço de pilotagem do dia. Metade do que levei... eu nem toquei!

Para você ter em mente como é a rotina: do meio da viagem para frente passamos a todo dia entrar no banho com roupa e tudo... ..lavando cada peça e colocando em uso novamente no dia seguinte. Prático, limpo e econômico.

Você que esta aí sentado no sofá talvez ache estranho, mas eu te asseguro: depois de um tempo na estrada você se acostuma com as restrições e desenvolve uma rotina "pratica" e ágil sem abrir mão da higiene e limpeza.

Sobre as roupas de proteção / roupas de moto, segue a principal recomendação: não seja pão duro e invista em qualidade !! ..pois tais equipamentos estarão em contato contigo o tempo todo. E uma luva desconfortável ou capacete que machuque pode tirar por completo o prazer da viagem dado longo percurso e uso intenso.

Mas vamos por parte:

LUVAS: obrigatório que seja ótima em nível de proteção mas que também te permita boa movimentação dos dedos. Mandatário também que ela tenha fivela que trave seu pulso - pois caso contrario ela ira sair da sua mão caso você caia e deslize no chão. Mas fique atento a temperatura que você ira encontrar pela frente x o perfil da luva. Eu me dei mal, pois minha luva era adequada para pilotar em SP (temperaturas medias entre 15 e 25 graus). Só que na nossa viagem 90% do tempo ou estávamos acima de 37 graus  ou rodando abaixo de 12 graus - e em ambas ocasiões ela não resolveu o problema. Ora muito quente fazendo minhas mãos suarem absurdamente ou o oposto, não segurando o frio intenso fazendo meus dedos quase congelarem.

JAQUETA E CALCA DE CORDURA: usei as top de linha da Revit. Não tenho do que reclamar. 3 camadas de forro, me atendeu muito bem tanto no calor quanto no frio.

CAPACETE: usei o system 5 da BMW - com flip-up (daqueles que abrem). Muito confortável! A opção de abrir o capacete no meio do calor, ao parar em um sinal... ou entrando em uma pequena cidade é um grande refresco valendo cada real! Mas senti falta da viseira escura (item opcional), dado sol intenso que pegamos de cara onde nem o óculos de sol conseguia segurar o excesso de claridade. E fique atento pois nem sempre o top de linha de uma marca vai se adaptar bem ao seu formato de cabeça... logo experimente os vários modelos.

PROTETOR DE COLUNA: usei o Dainese. Gostei muito principalmente pois ajuda a segurar a coluna, evitando dores na lombar. Considero item obrigatório. No acidente que tivemos com a outra dupla acredito que o piloto saiu em parte ileso devido a este protetor.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Pós-Viagem: Parte 3 - Sobre o Roteiro & Hotéis

São Paulo, 17 de Dezembro de 2012

(continuação do post http://www.minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/12/pos-viagem-parte-2-sobre-os-acessorios.html)


(4) Sobre o ROTEIRO ****************

A escolha do roteiro é, obviamente, mais um ponto chave para o sucesso da viagem.

É muito comum em uma viagem como esta você criar muita expectativa sobre algum grande marco da viagem como chegar no Atacama ou atravessar a Cordilheira. Mas considero isso um grande risco pois depois que você passar por este lugar tão "esperado" você pode se dar conta que faltam mais 5.000 km de um longo caminho de volta pra casa, tornando a viagem um grande tédio a partir dali.

No nosso caso nos preocupamos em gerar expectativa sobre vários lugares ao longo de todo o percurso, sendo que o último deles foi no penúltimo dia, já "perto" de casa (Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina).

Esta foi uma ótima estratégia para combater o tédio natural que o longo trecho de volta tende a te provocar. E de fato o sentimento de querer "chegar/voltar" somente se manifestou na gente nos último 300km e ao longo de todo roteiro mantivemos astral em alta curtindo cada momento, um dia por vez.

Todo o roteiro pesquisamos via internet através de sites de moto, fóruns de discussões e blogs de viajantes. E por vezes trocamos emails e telefonemas com caras experientes que já havia passado por estes lugares buscando opiniões e dicas das mais variadas possíveis.

E a medida que fomos avançando fomos engordando uma planilha com todos os detalhes da viagem, roteiro e distâncias, observações sobre cada local, dicas de estradas, sugestões de passeios, reservas feitas, estimativas de gastos, e por ai vai.

Feito isso, aperfeiçoamos o roteiro desenhando-o dia por dia no computador através do software Mapsource da própria Garmin - onde confirmamos as distâncias, estradas, pesquisamos também a distância entre postos de abastecimento, investigamos as opções de hotéis em eventuais pontos candidatos para pernoite, e por ai vai.

Feito o roteiro base, fizemos download de todo os trechos para o GPS sendo uma grande guia/referência que usamos ao longo do percurso.

Mas é claro que fizemos adaptações ao longo do trajeto nos baseando em novas informações coletadas com pessoas das próprias regiões que passamos - onde colhemos ótimas sugestões sobre estradas, roteiros e percursos mais a frente. Mas o fizemos sempre adaptando o roteiro base, e não sobre uma folha em branco.

Mas vamos por partes destacando e comentando os principais trechos/etapas...



1a ETAPA: do Brasil até o pé da Cordilheira (ida): trecho mais chato da viagem!

Evitamos a BR101 e seguimos via Castelo Branco em direção a Londrina e Foz do Iguaçu. Foi uma ótima decisão pois evitamos o transito pesado de caminhões. Outra boa decisão foi dormir do lado argentino na cidade de Puerto Iguazu, ao invés do lado brasileiro em Foz do Iguaçú - com isso ganhamos um bom tempo de alfandega fazendo que o dia seguinte rendesse bastante.

Cortamos o extremo norte da Argentina passando por Posadas, Corrientes, etc. São longos retões de paisagem muito sem graça, ..um calor absurdo e muita polícia corrupta, sendo realmente um dos trechos mais "chatos" da viagem.

A viagem faz grande upgrade de qualidade ao final deste trecho quando avista-se as montanhas, ao pé da Cordilheira - já na cidade de Salta, item 2 a frente.

Veja mais sobre este trecho em:
http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/11/atacama-dia-4-itatyar-saltaar.html



2a ETAPA - REGIÃO DE SALTA / CAFAYATE / TILCARA: SHOW!

Primeiro ponto alto da viagem - uns dizem que é a partir daqui que "a viagem começa". Esta região fica ao pé da Cordilheira já a 1.500 metros de altitude, com estradas perfeitas, muitas vinícolas, rios, montanhas e temperaturas mais agradáveis.

A RN68 próximo a Cafayate é simplesmente espetacular! E o passeio pelo rípio do Parque Nacional Los Cardones pela RN40 é igualmente fantástico, porém ele te exige saber o básico do offroad e tempo para curtir sem pressa um longo e belo dia.

A cidade de Cafayate e Salta foram uma das que mais gostamos: dado que são pequenas, simpáticas, com vários restaurantes, bons hotéis, boas vinícolas. Ambas considero visita obrigatória!

Tilcara - colada a Purmamarca, é uma pequena cidade ao extremo norte da Argentina quase divisa com Bolívia e Chile, sendo o último ponto de abastecimento antes do Paso de Jama. Pequenas ruas terra, rústica, bons restaurantes, bons passeios. Valeu muito! Aqui é o ultimo ponto de abastecimento (gasolina) antes do inicio da travessia - depois só a 180km já no meio da Cordilheira.


Veja mais sobre este trecho em:
http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/11/atacama-dia-5-saltaar-cafayatear.html e
http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/11/atacama-dia-7-cafayatear-tilcaraar.html

VEJA OS FILMES: 
http://youtu.be/voA9pmasB7w
http://youtu.be/W-q9bX_2PAo


3a ETAPA - SAN PEDRO DE ATACAMA: Bizarro e Espetacular!

Paso de Jama: é todo asfaltado e com ótimas estradas. Há somente um ponto de abastecimento no meio do percurso já na divisa (a 180km de distancia de Tilcara). As estradas são perfeita e visual é fantástico no meio da Cordilheira, com vulcões, curvas perfeitas, os famosos Caracoles (sequencias de curvas do lado Chileno), retas perfeitas, e vários oceanos de sal (salares). A altitude temperada pelo frio e vento podem castigar bastante seu esqueleto tornando a pilotagem cansativa e difícil. Fundamental estar bem alimentado, ir com calma, e muito bem agasalhado. Atenção para suas luvas e balaclava - pois se forem de baixa qualidade você estará lascado!

S.P. de Atacama: Um deserto com dunas, pedras, oceanos de sal, vulcões... a 2.600 metros de altitude. Muito quente de dia, congelado a noite. A cidade em si é uma pequena vila muito agradável e rústica com vários hotéis e ótimos restaurantes. Aqui nos "arrependemos" pois ficamos somente 2 noites, quando facilmente o local pede pelo menos 4 noites para que de tempo de cobrir os principais passeios.

Veja mais sobre este trecho em:
http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/11/atacama-dia-10-sp-de-atacama.html


4a ETAPA - Oceano Pacifico / Costa Chilena (TALTAL e CALDERA): Vale a visita!

Valeu muito rodarmos também por estradas a beira-mar, costeando o pacífico, quebrando radicalmente o visual empoeirado do deserto. Em Caldera - pequena cidade na costa do Chile - conhecemos a Bahia Inglesa, linda enseada de areia branca com belo por do sol. Mas não se engane pois o litoral é frio e empedrado, nada lembrando as praias quentes e de areia fina que temos no Brasil.

Veja mais sobre este trecho em:
http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/11/atacama-dia-12-taltalcl-calderacl.html


5a ETAPA: PASO DE AGUA NEGRA: um lugar para se lembrar pelo resto da vida. Espetacular!


VICUÑA - última cidade do lado Chileno, ao pé da Cordilheira, sendo o inicio da travessia do Paso de Agua Negra. Pequena e linda cidade. Aqui é local de vários observatórios abertos a visitação - sendo muito procurado por turistas de vários países. Vale o pernoite! ...e aqui lembre-se de abastecer as Cavalas para encarar o longo do percurso do Paso.

PASO DE AGUA NEGRA: É a travessia da cordilheira entre Chile e Argentina por estrada de terra. O Paso fica fechado a maior parte do ano, reaberto somente no verão. 

Se prepare "psicologicamente" para ele sabendo que você ira passar por um lugar de natureza rara e bela, porém longíncuo, inóspito, muito pouco visitado. Para você ter uma ideia, esbarramos somente com 5 a 6 carros ao longo de um dia inteiro - quase 300km de percurso.

Até a véspera fiquei com receio de passar por lá com garupa dado os longos trechos de rípio/terra somado a altitude, mas (ainda bem) decidimos encarar. E de fato fomos muito bem.. sem grandes sustos, e valeu muito poder compartilhar esta aventura com minha esposa.

Apesar da estrada por vezes ser a beira de penhascos / precipícios - o grau de dificuldade é médio com terra batida e rípio firme em sua maioria - bastando você conhecer o básico de pilotagem em terra e ir com bastante calma.  O sofrimento maior vem devido a altitude que atinge 4.900 metros - e em sua maioria te obriga a pilotar acima de 3.000 metros o que limita suas forças, habilidades e raciocínio.

Fundamental cruzar este trecho com calma, sem pressa, e abarrotado de comida e água - pois não há pontos de parada / abastecimento pelo caminho. 

Resumindo: O Paso é simplesmente espetacular, sendo daqueles lugares que te marca para vida inteira. Sem dúvida, um dos pontos mais bacanas da nossa viagem.

Veja mais sobre este trecho em:
http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/11/san-juanar-27-de-novembro-de-2012.html

VEJA O FILME ==> http://youtu.be/hdSMRQBppd8


6a ETAPA: Mendoza - bacana, como uma pequena Buenos Aires.

Primeira e única cidade grande que ficamos. Muito conhecida e visitada devido a suas varias vinícolas e ótimos restaurantes. No nosso caso, foi rápido e passageiro com somente um único pernoite.

Veja mais sobre este trecho em:
http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/11/atacama-dia-16-mendozaar-merloar.html


7a ETAPA: Região Serrana a Sudoeste de Córdoba

Optamos por estradas secundárias e percorremos serras fantásticas que colocam nossa serra do rio do rastro no bolso. Fizemos o seguinte percurso (recomendo!) anote ai: Mendoza -> San Martin -> San Luis -> Nogoli (RP9, que é a tal serrinha fantástica) -> La Carolina -> Merlo

Veja mais sobre este trecho em:
http://www.minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/11/atacama-dia-16-mendozaar-merloar.html


8a ETAPA: Serra do Rio do Rastro (Santa Catarina/Brasil)

...me desculpem amigos, é uma estrada bonita com suas curvas encravadas na montanha, mas depois de tudo que vimos... esta foi somente mais uma estrada.

E este trajeto nos levou até a BR101 e depois via BR116 - duas estradas que merecem ser evitadas, sendo disparado o trecho mais perigoso que passamos ao longo dos 21 dias de viagem - dado excesso de caminhões, trechos em obra, trafego intenso entre portos.



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(5) SOBRE OS HOTÉIS ***********

Optamos por reservar previamente os trechos em cidades mais procuradas como Cafayate, Salta, Tilcara e S.P. Atacama - e todas as reservas fizemos pelo booking.com. Foi uma decisão acertada pois de fato estas cidades estavam lotadas.

Já os demais trechos deixamos em aberto para resolver na véspera ou na hora mesmo. Por vezes consultei o booking.com na própria estrada (com ipad), mas na maioria das vezes eu pesquisava as opções de hotéis via GPS mesmo.

Em todos os hotéis sem exceção tínhamos bom acesso a internet. Já os preços eram muito parecidos com o Brasil variando entre R$40 a R$80 por pessoa em lugares mais simples, e valores mais altos em locais mais sofisticados.

Alguns hotéis aceitavam cartão de credito, porém outros de beira de estrada / cidades menores só aceitavam moeda local - logo certifique-se de estar sempre com Pesos a mão!

Abaixo a lista dos hotéis que merecem destaque/recomendamos:

Em Salta: ****************************


Tayka Suites 
Endereço  Los Juncos 523 Bº Tres Cerritos - Salta, 4400 Argentina
Telefone +543874950703
E-mail info@taykahotelboutique.com
Latitude -24.76410, Longitude -65.39228
(S 024° 45.846, W 65° 23.537)

(*) Ressalva: hotel em estilo flat, ótimo em conforto/qualidade, porém ligeiramente distante do centrinho. Se você esta de moto, não faz diferença.. mas se estiver a pé, vai te obrigar a pegar taxi.


Em Cafayate: *************************

Hotel Los Sauces
Endereço  Calchaquí Nº 62 - Cafayate, A4427AHB - Argentina
Telefone +543868421158
E-mail susana@hotellossaucessa.com
Latitude -26.07035, Longitude -65.97831
(S 026° 4.221, W 65° 58.698)


Em Tilcara: ***************************

Las Terrazas Hotel Boutique
Endereço  Sorpresa Y San Martin - Tilcara, 4624 - Argentina
Telefone +543884955589
E-mail info@lasterrazastilcara.com.ar
Latitude -23.57566, Longitude -65.39145
(S 023° 34.540, W 65° 23.487)



Em San Pedro de Atacama: **************

Hotel Kimal

http://www.kimal.cl/pt/index.htm
Calle Domingo Atienza 452, Calama, Antofagasta, Chile
+56 55 85 1030




sábado, 15 de dezembro de 2012

Pós-Viagem: Parte 2 - Sobre os Acessórios & Eletrônicos

São Paulo, 15 de dezembro de 2012

(continuação do post http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/12/pos-viagem-parte-1.html)


(2) Sobre os Acessórios da Moto ***************

Equipei a moto em sua maioria com os acessórios da Motopoint - fabricante nacional de Rio Claro/SP (http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/04/passeio-ate-rio-claro-acessorios.html).Não tenho nada a reclamar, muito pelo contrário, dado que todas as peças fizeram seu papel com qualidade se mostrando um ótimo custo x benefício comparado a peças originais ou fabricantes internacionais. Mas vamos um a um:


TRAVA DE ACELERADOR E BORBOLETA: excelente e obrigatório! Sendo um alivio para descansar as mãos que por vezes ficam doloridas nos longos percursos. inclusive, mãos/pulsos e joelhos/pernas eram as partes do corpo que mais reclamavam nas longas distâncias.




PROTETOR DE FAROL E RADIADOR: também importante, pois foi a barreira que segurou os inúmeros insetos, pássaros e pedrinhas que esbarraram conosco pelo caminho.


PROTETOR DO POTENCIOMETRO E DA BARRA DE DIREÇÃO: coloquei ambos. Dizem que são uma proteção a mais. Mas como são pecas que ficam esquecidas no canto ou dentro da moto - nem as notei ao longo da viagem;

FAROL DE MILHA: a minha não tinha, mas senti falta pois teria sido útil nos momentos de pilotagem noturna. A do Richa estava equipada com faróis da Touratech - muito úteis, pois serviu também como farol reserva dado que no meio para o final da viagem a lâmpada do farol principal dele queimou;

ITENS DE EMERGÊNCIA: Minha mala esquerda foi abarrotada de trecos para uma eventual situação de emergência tais como: cabo de chupeta, cabo para guincho/reboque, silver tape, óleo reserva, aranhas e cabos adicionais, enforca gato, lanternas, 3 diferentes tipos de reparo de pneu, alicate pequeno, canivete, pilha, peças reservas da GOPRO, bolsa de remédios. Praticamente não toquei nesta mala.

PROTETOR DE MOTOR E CILINDRO COM APOIO DE PÉ: excelente e obrigatório! dado que o risco de queda é eminente principalmente em trechos de offroad. E o apoio de pé se mostrou muito útil ao longo de todo o percurso ajudando muito a trocar posições, alongar e fazer o sangue circular;

MALAS: Quanto as malas laterais e top case usei os originais da BMW (Vario Topcase e Vario Side Case: ). Excelentes! Ótima qualidade, firmes, bom espaço, não entram água, práticos.

Usei também os alforges da Gift Brasil (fabricante aqui de SP / Mooca) como malas adicionais adaptadas sobre as malas laterais da BMW. E foi uma ótima escolha, dado que são também espaçosos e impermeáveis, sendo excelentes para carregar bagagem adicional,  principalmente no período em que estava com garupa.


MALA DE TANQUE: também usei o modelo da Gift Brasil - também excelente. Diferente do modelo original da BMW este aqui é mais estreito não atrapalhando a pilotagem em pé em trechos offroad.

Nesta mala eu carreguei itens que toda hora eu usava nas várias paradas ao longo do percurso tais como: caixinha do pedagio, gopro, limpador de viseira, eletronicos/cabos, barras de cereais e remédios, entre outros.




(3) Sobre os Eletrônicos *******************

GPS: Garmin Zumo 660 - minha amada "Zuleica" !

A escolha do GPS foi um dos pontos que me geraram duvidas antes da viagem e por vezes fiquei atentado a levar o que eu tinha em uso no carro. Mas depois do uso intenso que fizemos por dias seguidos eu te asseguro: fizemos uma boa escolha, pois um bom GPS - feito para motociclista - talvez seja um dos itens mais importante da viagem - depois da moto e das roupas de proteção obviamente.

Existem funções básicas em um GPS de moto que o de carro não tem. E estas funções (ou a falta delas) pode se tornar gritante em uso intenso em uma longa viagem como a nossa:

- ele tem que reconhecer o clique do seu dedo mesmo de luva
- tem que te permitir enxergar a tela mesmo com a claridade do sol
- tem que ser aprova d'água e bem resistente ao calor;
- com um clique te permitir achar pontos de interesse - principalmente postos de combustível e hotéis
- tem que te permitir carregar roteiros previamente elaborados no computador
- deve expor na tela detalhes sobre a rota percorrida, distancias, altitudes, direções etc.
- não dever ter oscilações e perdas de sinal

Usamos dois mapas gratuitos baixados na internet - ambos muito bons e precisos, exceto em alguns trechos no Chile onde faltavam alguns hotéis e postos no arquivo dele. Veja mais detalhes aqui: http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/10/gps-garmin-zumo-660-e-suas-facetas.html

Tudo isso acima entendo como pontos mandatários em uma viagem sendo todos recursos que foram intensamente utilizados e extremamente úteis. Por isso meus elogios ao Garmin Zumo 660.

A única ressalva que faço a Zuleica (que nem de longe tira seu mérito e elogios) é que mais no fim da viagem ela acordava as vezes emburrada e não localizava o mapa que estava em uso. Mas eu dava bom dia com carinho, desligava e religava e ela voltava ao normal.


COMUNICADOR - Scalarider Cardo G4 Teamset e G9

Para música e uso individual conectado via Bluetooth com o celular funcionam perfeitamente - com áudio muito bom (claro e limpo) e ótimo conforto. Inclusive no meu uso diário na cidade não tenho do que reclamar.

Mas para uso plugado com um ou mais parceiros - o bicho é temperamental como minha mulher em TPM - funcionando do jeito dele, quando ele quer.

Tinha dia que ele conectava automaticamente, tinha dia que não conectava nem na base da ameaça. Alem do que em velocidade acima de 110km/h a comunicação fica falha e precária. Os engenheiros criaram um treco muito compacto com poucos botões e muitas funções. Logo, seja por complexidade ou por mal funcionamento ele deixou a desejar.

E para coroar o baixo desempenho, no ultimo dia da viagem o meu perdeu o áudio de um dos lados, por alguma falha que desconheço sem que tivesse nenhum fio partido.

CAMERA GOPRO HERO 2

Minha parceira inseparável ! Foi a responsável por 90% dos vídeos e fotos da viagem publicados no blog.

Por vezes coloquei ela presa na frente no protetor de moto ou atrás no top case - mas em ambos os locais as imagens saem um pouco tremidas. Mas certamente as melhores imagens vieram com ela presa ao capacete - seja apontada para frente, seja para trás.

A maior diferença desta câmera para uma maquina convencional esta na capacidade de colher belas filmagens em movimento sem perda de foco. Além do que, obviamente, destaca-se também pelos vários acessórios que te permitem prendê-la em vários locais diferentes do corpo ou da própria moto, buscando sempre um diferente angulo em movimento.


É mandatário ter um pacote de baterias reservas - pois uma só de longe não da conta dos longos trechos de pilotagem e filmagem.

E foi também muito útil o controle remoto, sendo que eu o adaptei na manete esquerda da Cavala facilitando muito os Plays / stops nas filmagens durante as pilotagens.

De maneira em geral funcionou muito bem, ressalva somente para alguns travamentos que vez ou outra me obrigavam a tirar a bateria e religar.


OUTROS ELETRÔNICOS:

IPOD: amigo inseparável. Nele carreguei mais de 30GB de músicas com varias playlists - que ficaram continuamente e aleatoriamente tocando na minha cabeça. Usei ele wired (com cabo) conectado direto no scalarider.

NOTEBOOK: Modelo Sony vaio - modelo parrudo em capacidade de disco e processamento, porém bem fino e leve. Usei bastante ao longo da viagem como repositório de fotos e vídeos; usei nas edições de vídeo; e usei para fazer pesquisas e adaptações ao ao nosso roteiro durante a viagem - usando SW mapsource da própria Garmin.

IPAD: usei muito na edição dos textos que publiquei no blog - estava sempre a mão, e por vezes eu o abria nas paradas ao longo da estrada. Usei muito para olhar e reservar hotéis via booking.com


ADAPTADOR DE TOMADA: parece piada este item aparecer aqui com destaque, mas fato é que esta simples pecinha de plástico teve uso diário e intenso, sendo muito importante ao longo de toda a viagem. Levei do Brasil 2 plugs destes com saída de pino redondo - pois atendem ao Brasil, Chile e Argentina.


(CONTINUA EM UM PRÓXIMO POST)


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pós-Viagem: Parte 1 - Introdução & Sobre as Motos

São Paulo, 13 de dezembro de 2012

Encerrada nossa aventura, pretendemos dar aqui nossa quota de contribuição compartilhando nossas impressões e aprendizados para os que buscam na internet e blogs de viajantes informações que apoiem na lapidação dos seus sonhos e no aperfeiçoamento dos seus planos de viagem.

Mas não espere colher aqui explicações técnicas profundas comparando os vários modelos e equipamentos que tem disponíveis mundo afora!

Afinal minha experiência no mundo sob 2 rodas é algo recente, com uma pequena bagagem de 12 meses. E neste curto período tive duas motos: uma Tenere 250cc (minha"Magrela", minha primeira moto => http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/01/minha-1a-moto.html) e depois pulei para minha amada "Cavala", a moto que usei na viagem - uma BMW r1200GS modelo sport 2008 (http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/03/minha-2a-moto_26.html)

Mas antes de tudo, gostaria de te dizer o seguinte...

Uma viagem começa no momento em que você decide fazê-la, e se bem planejada e pensada os momentos de preparação podem (e devem!!) ser tão saborosos quanto a viagem em si.

Assim foi pra gente ao longo de 2012 onde tratamos nossa preparação como um grande projeto envolvendo várias etapas tais como:  aprender a andar de moto, desenvolver o skill de pilotagem on/off road, escolher equipamentos, eletrônicos, muitas pesquisas, a escolha do roteiro, aprender os meandros de filmagens e edições de vídeo, preparação física, treinamentos de pilotagem, vários encontros e reuniões de planejamento, e inúmeras pequenas viagens e passeios colocando em prática tudo que estava sendo planejado e idealizado.

E é importante você também colocar em perspectiva que uma viagem pode ser feita de qualquer forma, de várias maneiras: com muita ou pouca infra-estrutura, com muito ou quase nenhum planejamento.

Séculos atrás os caras cruzavam oceanos por meses seguidos a bordo de pequenas caravelas com muito pouco equipamento, tecnologia e por consequência conforto - e hoje tem gente que só cruzaria o oceano a bordo de grandes e sofisticados navios. Mas há também aqueles que mesmo com todo equipamento e tecnologia disponíveis, preferem uma grande aventura a bordo de um pequeno veleiro sem motor.

Ao longo do nosso percurso esbarramos com gente viajando de bike, vimos caras a pé, de carro, de trailer ...e vimos também vários caras de moto de todos os tipos e tamanhos cruzando as Américas por meses seguidos em estradas alternativas.

Logo o juízo de valor sobre o que é certo ou errado em uma empreitada como esta é muito relativo sendo uma decisão estritamente pessoal, a gosto do freguês.

E se você esta olhando agora para sua Magrela ou para sua Cavala e pensando "...será que ela aguenta tal empreitada?" ..já te digo de bate pronto: Aguenta sim!! Tudo vai depender das suas expectativas e do seu grau de preparação.

E para você melhor compreender nossas opiniões, coloque o seguinte em perspectiva:

Rodamos 21 dias, 9.700 km - onde cruzamos o Sul do Brasil, o Centro-Norte da Argentina, o Chile, o Norte do Uruguai e retornamos a SP cortando o Rio Grande do Sul e litoral de Santa Catarina.

E durante este período rodamos por estradas movimentadas e abarrotadas de caminhões - que geram turbulência e te convidam o tempo todo a ultrapassar;

Cruzamos longas retas e estradas bem delineadas que te convidavam a acelerar e curtir a pilotagem;

Comemos poeira e ralamos em longos e cansativos trechos de estrada de terra;

Subimos na altitude com ar rarefeito forçando o equipamento e nosso cérebro;

Derretemos em trechos muito quentes a 40 graus e congelamos em lugares muito frios a quase zero graus;

..e por fim, todos os equipamentos - inclusive nosso esqueleto! - tiveram uso intenso por horas seguidas em dias consecutivos.

Enfim, vamos lá...

E para não ficar muito longo quebramos nossas opiniões em alguns posts começando pelo que segue logo aqui abaixo. E sintam-se sempre a vontade em também fazer seu comentário ao final do post ou direto por email para gente (minhamotoeeu@gmail.com).

Até!!


(1) Sobre as Motos ***************

Ambas BMW r1200gs. A minha, modelo sport 2008 saiu com 29.000km; a do Richa modelo Premium 2009 saiu com 19.000km;

DESEMPENHO: Não consigo colocar defeito nelas - dado que tiveram comportamento exemplar ao longo de toda a viagem sem nenhum tipo de falha, soluço ou mal funcionamento.

Bom torque e forca, acelerando sem esforço mantendo médias de velocidade confortáveis a 130km/hr - 140km/hr (podendo ser maior, a gosto do freguês).

Compensou muito bem as diferenças de combustível e variações de altitude. Boa estrutura e peso também muito úteis nos trechos de turbulência e vento.

Talvez ela não seja a melhor moto do mundo em cada um dos trechos - talvez perca para KTM 990 no offroad, ou seja atropelada por uma Ducati multi-estrada no on road - mas fato é que esta moto é campeã no quesito versatilidade e confiabilidade tendo bom desempenho e conforto em todos os trechos que passamos.

MANUTENÇÃO: Fui bastante cauteloso e precavido no Brasil antecipando revisões e trocas de pecas. Antes da viagem ela estava com 29.000 km mas mesmo assim eu pedi na autorizada para rodar a revisão dos 40.000 antecipando inclusive as trocas de peças como filtro de óleo, filtro de ar, correia e velas; Antes da viagem retirei o paralama traseiro dado trechos offroad que passaríamos - observando a dica recebida na própria autorizada no momento da revisão. Foi uma dica acertada. A dica veio na véspera da partida não dando tempo para o Richa fazer o mesmo e tal peça quebrou ao longo da viagem;

PNEUS: Esbarramos com gente ao longo do percurso que iniciava viagem com pneu em meia-vida, sendo obrigado a fazer a troca (e perdendo tempo) ao longo do percurso. Este não foi nosso caso, pois preferimos sair do Brasil com pneus zerados com margem de sobra para ir e voltar. Colocamos o mesmo modelo que vem de fabrica o - Tourance Metzeler (http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/10/manutencaorevisao-troca-dos-pneus.html). Foi uma decisão acertada, pois se mostrou perfeito no asfalto indo bem também na terra batida - e com desempenho razoável na terra fofa (que foram pequenos trechos da viagem). Resistiu bravamente as várias pedras e buracos, e chegamos com eles ao Brasil ainda em meia vida (daria para rodar mais uns 9.000 km).

BANCO: ambas as motos estavam com banco da adventure (o dono anterior havia trocado) - sendo mais largo e mais confortável do que o tradicional - sendo muito útil para o piloto e garupa principalmente depois de longas horas consecutivas;

GARUPA: as esposas eram mais "calouras" do que os pilotos - mas mesmo assim vieram muito a vontade, com nenhum tipo de reclamação quanto ao conforto, posição e segurança nas motos. Os momentos difíceis que elas passaram mais tinham a ver com os trechos offroad e altitude do que com a moto em si;

ITENS & PECAS SOBRESSALENTES: Levamos 3 litros de óleo reserva para ambas as motos, dado que é normal o óleo baixar um pouco ao longo do percurso. Mas exageramos, pois usamos somente 1 litro com as duas ao longo de todo percurso. Não levamos mais nenhuma peça sobressalente, nos limitando a sair do Brasil com endereços de autorizadas ao longo do percurso para uma eventual emergência.

CONCLUSÃO: ...enfim, resumindo em uma única frase: considero uma moto perfeita para este tipo de viagem, valendo cada real nela investido.


(CONTINUA EM UM PRÓXIMO POST)



terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Atacama - 21o dia - Joinville/SC - SP (Último Dia)

São Paulo, 4 de Dezembro de 2012

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Trajeto: Joinville/SC - Casa/SP (via BR 101 e BR 116)

Distancia do dia: 523km

Tempo Pilotando: 7 horas (9:00 as 16:00)

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Hoje foi um dia diferente. Afinal, pressionei na Zuleica pela última vez nosso roteiro do dia. Só que desta vez cravei o botão "casa" - "...estamos a 523km de distância", ela me respondeu segura. Grande e valiosa amiga! Depois da Cavala ela foi a segunda criatura mais importante da viagem sendo responsável por todas as direções, localizações dos postos e hotéis. Precisa, segura, quase que perfeita!

Rodamos o total de 9.700km entre SP - Argentina - Chile - Uruguai - SP.  E desacostumados com o barulho da cidade grande entramos na selva de pedras às 16:00 e rumamos direto para uma churrascaria para nosso almoço e brinde final.

E você quer saber qual o lugar que corremos mais perigo ao longo de 21 dias ?

...justamente hoje e ontem quando navegamos entre a BR101 e BR116. Mar de Caminhões ! Mar de fechadas, muita gente mal educada, óleo na pista, e por ai vai. Estas estradas cheiram a risco e tragédia - e nelas tudo pode acontecer.

Ontem no meio da BR 101, a 140km/hr o susto veio de um colchão voador que se soltou do carro a frente. Ele decolou a uns 15 metros de altura antes de bater desengonçado no asfalto a minha frente. Deu para reduzir e desviar, mas se eu estivesse uns 7 ou 8 metros mais perto ou míseros 1 ou 2 segundos talvez tivesse sido derrubado e a viagem encerrado 1 dia antes por causa de um colchão voador (!?!?) ...parece piada.

Viajar de moto é fantástico, mas também vem no "pacote" uma serie de riscos pois afinal de contas estamos por horas e dias seguidos andando em um treco perigoso e por caminhos que por si só já são cenário de acidentes e dramas. E mesmo que você pilote de forma cautelosa e defensiva estamos sempre expostos, sempre sujeitos ao humor da estrada e do destino.

No começo da viagem comentei sobre um "imprevisto ocorrido". Vocês lembram?!

Foi nosso pior momento na viagem - sendo um acidente com um dos integrantes da outra dupla que nos acompanhou no começou desta aventura. O acidente se deu no norte da Argentina nas longas retas e em alta velocidade. A viagem deles terminou precocemente. Mas poderia ter terminado em tragédia. Graças a Deus o amigo Rodam ficou bem saindo somente com leves escoriações. Como ele mesmo mencionou no blog dele "...a moto e as roupas o dinheiro compra de novo, mas a vida amigo... essa ai não tem reload". Leia seu depoimento completo neste link http://www.by2ride.com/2012/11/ironia.html

Ajudamos no que podíamos, e depois de um tempo seguimos estrada rumo a nossa viagem em silencio tentando maturar todo o ocorrido. Envelheci uns 10 anos com este episódio ! Afinal sentimos no sangue a sensação do romance que envolve uma viagem de moto se transformar em drama.

E este episodio - tenham certeza - contribuiu para que colocássemos hoje os pés inteiros e intactos em casa. Pois nos serviu como um marco, sendo sempre lembrando nos mantendo no trilho e em alerta mesmo quando a estrada nos convidava a acelerar.


Escrevo estas linhas já sentado no sofá da minha casa, de banho tomado e barba feita. Devagar vou desarmando o "modo aventureiro" e religando o "modo urbano/modo trabalho". Dois mundos distantes, duas vertentes diferentes de mim mesmo que coexistem.


Como explicar o significado de uma viagem como esta para quem nunca montou em uma Cavala e acelerou em uma estrada que zera no horizonte a frente ?

Dois dias atrás ao pararmos em um posto na estrada perto de Florianópolis o frentista nos perguntou de onde vínhamos e eu expliquei todo nosso percurso. "Caramba, vocês vem de longe heim. ...mas por que vocês não vieram direto de Lages para cá pela BR ? ...seria muito mais rápido", disse ele. Tentei explicar a ele que "200km é muito pouco e desviamos nosso roteiro pois queríamos conhecer a Serra do Rio do Rastro..", falei já desistindo visto a cara de paisagem dele.

A verdade é que viajar de moto é dar valor ao momento presente, curtir o percurso, abrir mão de confortos, sentir a liberdade....  sentir os cheiro, vento, natureza - e todo este desprendimento te faz sentir-se vivo. Muito vivo!

Se você já veio acompanhando nossa história por aqui, talvez eu tenha conseguido te passar uma fração do significado através das fotos e vídeos. Talvez...

Hoje chegamos ao final de um projeto de um ano inteiro. Um belo projeto!

...e você quer saber o que vou fazer com a Cavala ? ...ahhhhh...  e ela está tão linda com todas as cicatrizes de uma longa batalha!!!

Mas não tem jeito amigo, com dó no coração vou dar um banho nela, e deixá-la limpa! ..pois afinal de contas ela já tem que amanhecer me levando amanhã para o trabalho e assim ficaremos ao longo de um ano inteiro.

Até !

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PS: Amigos motociclistas, aguardam os próximos post pois estaremos dando detalhes técnicos sobre o planejamento da viagem, performance dos equipamentos, consumos, etc.


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O brinde final em uma churrascaria já perto de casa


Valeu Amigos do prédio pela recepção !!! Saudade de vocês !!


...um dos momentos mais aguardados da viagem!






segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Atacama - 20o dia - Lages/SC - Joinville/SC

Joinville, 3 de Dezembro de 2012

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Trajeto: Lages/SC - Joinville/SC (via Serra do Rio do Rasto)
Distancia do dia: 600km

Tempo Pilotando: 8:30 horas (11:00 as 19:30)

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Esticamos hoje quase 200 Km a mais nosso roteiro original para poder conhecer a famosa Serra do Rio do Rastro - pequena estrada que serpenteia morro abaixo ligando a serra de Santa Catarina ao mar.

Realmente é uma bela estrada, com suas curvas bem fechadas e visual encravado entre montanhas.  Dizem que em dias frios e de forte nevoeiro o bicho pega com a pista congelada e escorregadia. O visual por vezes me lembrou a estrada que liga Itaipava no RJ a Teresópolis com sua paisagem entre matos e montanhas. E em alguns trechos suas curvas bem fechadas me lembraram também trechos da Rod. Oswaldo Cruz ligando SP a Ubatuba.Verdade é que esta estrada é bonita, mas no nosso caso fica difícil se encantar depois de tudo que vimos ao longo desta nossa longa aventura - mas mesmo assim valeu.

De lá tocamos pela BR 101 já no litoral rumo norte em direção a Florianópolis e arredores. De lá para frente nosso "passeio no bosque" se transformou em uma gincana entre caminhões em meio a fumaça e obras. Por ser próximo aos portos de tubarão e de Paranagua a BR 101 é literalmente entupida de grandes carangueijolas de todos os tamanhos e tipos - todas esfumaçadas, barulhentas e mal educadas.

Por um momento pensamos em pernoitar em Curitiba - mas de fato a estrada passou a não render e preferimos pernoitar em Joinville/SC. Foi uma boa escolha.

Hoje foi nossa última noite na estrada. Amanhã apontaremos as Cavalas rumo norte em direção as nossas casas - e tudo correndo bem, ao fim do dia estaremos brindando o fechamento da nossa viagem. Faltam somente 523 km !

Até !

Entrada de São Joaquim - você já deve ter ouvido falar desta cidade.
É aqui que as meninas do Bom Dia Brasil sempre aparece filmando congeladas em dias de pinguim.
Dizem que aqui é o lugar mais frio do Brasil.
Daqui seguimos para Bom Jardim da Serra - início da Serra do Rio do Rastro

La no fundo a Serra do Rio do Rastro serpeteando morro abaixo

São 12km de curvas muito bem delineadas






E vez ou outra você da de cara com uma carangueijola usando a pista toda

Fim da moleza, início do sacrifício na BR101



..e junto da BR vem os vários pedágios. Colocamos de novo em
 prática nossa "técnica" de pagar pedágio com a caixinha.
Basta entregar para menina que ela tira o que precisa e devolve
 o resto. Imbatível ! Funcionou em todos os países! Vou patentear :))



Atacama - 19o dia - S. do Livramento/RS - Lages/SC

Lages/SC, 2 de Dezembro de 2012

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Trajeto: S. Do Livramento/RS - Lages/SC, via BR158, BR377, RS332, BR153, BR285

Comentários (Pós-viagem): Paisagens de pastagens e fazendas, com boas estradas e bom asfalto. Foi uma boa opção de rota subindo o Rio grande do Sul pois evitamos em sua maioria o movimento de cargas & caminhões.

Distancia do dia: 805Km

Tempo Pilotando: 12 horas (8:00 as 20:00)

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Estamos em Lages, em Santa Catarina. E tivemos um dia bastante longo cruzando o Rio Grande do Sul de Sul a Norte. Cansados, porém intactos - viemos sem sustos.

Interessante como viajar de moto desperta a curiosidade dos que você cruza pelo caminho - vários acenos, e muitos se aproximam curiosos para olhar as Cavalas e nos perguntar sobre nosso roteiro. Bacana perceber também a cordialidade e camaradagem que existe entre as diferentes tribos de motociclistas independente da região ou nacionalidade.

Hoje quando cruzamos por Santa Maria percebi no retrovisor um cara em uma moto se aproximando e se inclinando para falar com a gente... "Você precisa abastecer?!", ele perguntou meio que afirmando. "Me segue aqui!", complementou tomando a dianteira.

Se fosse no RJ ou SP talvez eu corresse dali com receio de assalto, mas o contexto pareceu realmente amigável e fomos seguindo o gaúcho.

Paramos em um posto e aos sorrisos ele se apresentou já mostrando sua camisa da última viagem ao Ushuaia em um papo descontraído como se nos conhecesse há anos.

"Em que estrada vocês estão indo?", e antes que eu complementasse a resposta ele já concluiu: " não.. não.. não... ta errado! Senta ai para um café pois esse teu caminho ta todo errado, vou te colocar no caminho certo, te tirando da rota dos caminhões!", disse ele.

Fato é que ficamos uns 45 minutos em um posto de gasolina, sentados aos papos sobre viagens e motos e em paralelo reprogramando nossa Zuleica para a nova rota sugerida. E realmente o caminho proposto nos tirou das grandes BRs e dos grandes caminhões, nos permitindo cruzar nosso longo percurso sem muito "sofrimento".  Valeu pelas dicas, Jefferson! E qdo estiver por SP.. nos procure!

Mas o "sofrimento" em um dia de 800km é bem relativo.

E chega um momento em que seu esqueleto chega a beira do limite. E você torce de posição sobre a moto, estica uma perna, pilota um pouco em pé, muda de lado, pula para outra bochecha, senta no garupa... e assim vai buscando novas posições tentando fazer o sangue circular esqueleto adentro - mas verdade é que falta bunda para tantos KMs! (ok, desculpe meninas.. falta nádegas, ok?!).

E o barato do longo percurso é que os pensamentos vão pipocando meio que na tentativa de te ajudar a fazer o tempo passar.  E entre um assunto e outro, me veio a lembrança de momentos engraçados desta viagem.

Temos na nossa parceria uma divisão clara de papéis e responsabilidades. O Richa, por ser Trader de profissão.. tem como responsabilidade tomar conta das finanças e câmbio da nossa dupla buscando sempre os melhores acordos e transações visando melhor liquidez e rentabilidade. Além disso, nas horas vagas, ele também tem como missão manter as viseiras e capacetes limpos dos vários insetos que nos atingem pelo caminho.

Já meu papel é seguir na "cabeça de ponte" da dupla - como os soldados da 2a guerra que iam na frente do pelotão desbravando território inimigo. Como consequência sou eu que tomo os "tiros e bombas" da estrada ao longo dos percursos.

Na prática significa que ele fica no file mingon e eu vou limpando o percurso dos insetos e animais variados que encontro pelo caminho. Vez ou outra espanto um Angrybird, alerto um bezerro, e óbvio..  desbravo e aviso sempre os buracos, óleos, pardais eletrônicos e areias pelo caminho. É.. ele me deve muita cerveja !

Brincadeiras a parte, mas este papo de ir na frente já me rendeu alguns "quase" tombos: primeiro logo apos a travessia do Paso, já no asfalto vinhamos acelerado e a estrada meio que acabou de repente transformando-se em um canteiro de britas..  pulamos no embalo e a Cavala rebolou para um lado e eu para o outro e os Santos protetores chegaram no momento decisivo nos retiraram da inclinação derradeira nos permitindo seguir viagem.

Segundo foi cruzando um pequeno trecho molhado sobre a pista.. quando passei em 2a marcha devagar - mas mesmo assim a cavala sapateou pelos cascos dado o limo no piso. E a terceira, foi um quase chão (de cara) dado areia em uma curva - sorte que estava devagar e deu para por o pezão no chão reequilibrando a bichana.

E em todos os trechos o picareta do parceiro logo após os episódio se aproximava tranquilo me chamando pelo comunicador e me perguntava: "...como você conseguiu rebolar com a Cavala daquele jeito em um trecho tão fácil ?" - meio que tirando sarro do episodio.

Mas em Mendoza e fui as forras!

Passamos por um dos trechos mais "desafiadores" de toda viagem !! ..a entrada da garagem subterrânea do Hotel em Mendoza !!!  Um inclinado brabo ladeira abaixo que zerava em uma pequena portinhola em curva para esquerda. Era meio que uma entrada de serviço do hotel para receber caixas e coisas do tipo - nada parecido com uma garagem tradicional.

Mas quando percebi ele já havia tomado a dianteira e começou o ladeira abaixo. Cheguei a pensar  em pegar a gopro para iniciar a gravação da vídeo cacetada - mas não deu tempo. Eis que ele desce meio bambo na ponta dos pés - como uma bailarina perneta - e acerta em cheio a porta da entrada da garagem com a mala lateral da Branquinha. Balançou meio prédio !! ..a moto sacudiu para os lados e seguiu com com a mala amarrotada.  "Putz !!!!    .. perdi esta filmagem!!", foi o que me veio a cabeça.  Mas somente falei isso pra ele horas depois em respeito ao seu sofrimento.

É isso !! Amanhã temos nosso a Serra do Rio do Rastro !!! ..um dos grandes percursos que todo motociclista brasileiro conhece ou sonha em conhecer.




o camarada gente boa que nos parou para dar dica
do melhor percurso pelo Rio Grande do Sul

A chuva mais uma vez cismou em nos rodear se limitando
a poucos pingos sobre nossas viseiras

Mais um belo por do sol na estrada, já chegando em Lages/SC

Mais Angrybirds. A Cavala abriu larga diferença de 5 X 2 no nosso placar.
Só hoje foram 3. Um no farol, outro nas canelas e o terceiro no protetor de punho.
Richa e seu serviço de limpeza


sábado, 1 de dezembro de 2012

Atacama - 18o dia - Maria Grande/AR - S. do Livramento/RS

Santana do Livramento/RS, 1 de Dezembro de 2012

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Trajeto: Maria Grande/AR - S. Do Livramento/RS
Distancia do dia: 560Km

Tempo Pilotando: 9 horas (11:00 as 20:00)

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Post rápido somente para dar noticias.

Pisamos hoje em solo brasileiro! Entramos pela ponta dos pés do pais e paramos para pernoite em S.do Livramento - cidade colada na fronteira com o Uruguai.

Navegamos rápidos e tranquilos tanto pelo trecho final da Argentina quanto cruzamos bem a ponta noroeste do Uruguai.

Sobre o Uruguai, alem de longas retas, muito gado, cabritos, fazendas e muito carros velhos... pouco temos a acrescentar dado que nosso tempo de permanência foi de 2 horas ou de 200km - sendo meio que um corta caminho para o sul do brasil.

Amanha temos um longo dia. Vamos tentar uma perna de quase 800km para conseguir ganhar tempo para desviar nosso percurso final para fecharmos nossa viagem com um gran finale: a Serra do Rio do Rastro - vamos ver se dará tempo!

Até!


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Atacama - 17o dia - Merlo/AR - Maria Grande/AR

Maria Grande, 30 de Novembro de 2012

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Trajeto: Merlo/AR - Maria Grande/AR
Distancia do dia: 680km

Tempo Pilotando: 11 horas (9:00 as 22:00)

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Ja estamos próximos da fronteira com o Uruguai em um cidadezinha minúscula na beira da estrada. Nosso dia foi intenso ontem não só pelas longas horas de pilotagem em estrada de mão dupla e muitos caminhões, mas principalmente pois ralamos muito para encontrar hotel a noite.

Escolhemos a bonita cidade do Paraná para pernoite, a beira do rio Paraná - cidade com clima "praiano" com festas na praça e pessoas correndo fim de tarde em um grande calçadão a beira do rio. Mas para nosso azar simplesmente todos os vários hotéis da cidade estavam lotados - depois da quinta tentativa descobrimos que estava tendo um evento internacional de rugby.

Não nos restou opção a não ser quebrar novamente uma das regras da viagem e colocar novamente as Cavalas na estrada para um galope noturno até a próxima cidade - e assim o fizemos.

Apesar dos milhares de insetos estalados na viseira, ontem vimos o mais belo nascer da lua da viagem, ela brotou grande e rosada do horizonte fazendo contraste com o céu estrelado.

E além de sortear a cidade "errada", hoje foi nosso dia de também ser sorteado pelos policiais ao longo do percurso. Fomos parados 3 vezes. A ultima, as dez da noite no meio do nada. Mas a mais engracada foi a do meio do dia, logo após o almoço. Ta curioso pra saber como foi? Pois vou te notar.

Vínhamos nós em um galope macio - depois de quase 7 horas pilotando - quando noto pelo retrovisor um guardinha montado em uma Pachola (estas motinhos minúsculas estilo honda bis) - me seguindo, buzinando e mandando encostar.

Paro no acostamento...

Enquanto isso, relembro da nossa vinda dias atras quando também fomos parados e o guardinha falou que havia um tratado internacional que proibia motos internacionais de navegarem por aquela estrada.

Estória esdruxula estilo "tu finge que me engana, eu finjo que acredito". Fato é que naquela ocasião, estávamos com pressa deixamos a onda do cara seguir e nos limitamos a fazer um jogral de malzinho e bonzinho, buscando a melhor negociação: começou com 300 pesos por moto, e fechamos a transação por 50 pesos cada um (50 reais no total pra nos 2).

Mas hoje não amigo! Nosotros somos homens que cruzaram o deserto! "e se o guarda der uma de engraçadinho vou trucar, e ver aonde vai parar esta historia", pensei.

O teatro começa com ele falando rápido pelo radio motorola enquanto nos rodeia mostrando uma grande estrutura de bakoffice nos monitorando e grande procedimento.

E preste bem atenção no dialogo! E se o teu espanhol não é tão bom quanto o meu, te vira aí com o tradutor do Google.

POLICIAL: - "tua habilitacion e la documentacion de lá moto"

EU: ..tiro as luvas calmamente, e vou catando os documentos pra entregar para autoridade.

POLICIAL: - " tu passaste pela faixa amariela. A cá em Argentina, faxa amariela eis como um semáforo rojo"

EU: " tu estais cierto senhor, yo estou ierrado. Estoy por horas nesta carreteira e foi uma distracion"

(ele avança e faz a pergunta poderosa! E preste atenção!)

POLICIAL: "Rodrigo, o que tu azes?"

(Na vinda eu respondi na lata: "trabajo com computadore". E ele deve ter pensado na hora "opa... Eis um franguito! Moleza". Só que agora eu estava ligado no modo-combate e resolvi com toda educação contra-atacar)

EU: "yo escrebo"

POLICIAL: " ..humm.. Escrebe?!" - e levou uns segundos pensando

POLICIAL: ".. escrebes para um periodico?"

EU: " ...si... Como non... Escrebo periodicamente. Yo estou escrebiendo sobre como eis azer uma viajen de mueto pela Argentina e Chile"

(Ele não esperava essa! A cara de autoridade virou cara de paisagem e levou uns segundos tentando mapear melhor o contexto - e enquanto pensava, eu mandei outra)

EU: "E qual eis tu nombre ?

("Por que este fdp quer saber o meu nome!?"...ele deve ter pensado)

POLICIAL: "...Principal Guti..sbrowbles".

(Respondeu rápido para que a gente so entendesse a primeira parte! " Opa, o cara sentiu o golpe", pensei. E nesta hora ele pergunta para o Richa)

POLICIAL: " ..e tu, o que azes?"

RICHA: "...yo trabajo para govierno del brasil" - Richa mandou sem piedade.

(Ele levou mais uns segundos pensando)

POLICIAL: " entoices tu eis um diplomata e ele um periodista... E não sabiem que não se puedem adelantar pela faixa amariela?!"

EU: " ...si sabiemos si. Pêro que foi uma distracion. Estamos cansados pois azemos muito tempo de viajen"

EU: " ...amigo, tu eis um homem de biem, yo tambiem. deixa nosostros seguirmos viajen.. E yo vou escreber sobre a bondade e compreension de los Argentinos"

Ok, este ultimo tiro foi meio sem mira, mas fato é que pelo sim ou pelo não o cara nos devolveu os documentos e tocou pra frente.

Não sei se ele se assustou com o poder da imprensa livre ou com o peso da burocracia. Fato é que enquanto eu abaixava a cabeça para guardar os documentos o cara correu pela direita com sua Pachola com tamanha pressa para que nem víssemos a placa dele.

Este episódio renovou nosso astral e tocamos as Cavalas de volta pela carreteira rumo a fronteira.



Na ausência de outras fotos, fica aqui nosso brinde de final de noite
debruçados sobre nosso mapa na escolha do melhor percurso para o dia seguinte,
quando vamos cruzar Uruguai