quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pós-Viagem: Parte 1 - Introdução & Sobre as Motos

São Paulo, 13 de dezembro de 2012

Encerrada nossa aventura, pretendemos dar aqui nossa quota de contribuição compartilhando nossas impressões e aprendizados para os que buscam na internet e blogs de viajantes informações que apoiem na lapidação dos seus sonhos e no aperfeiçoamento dos seus planos de viagem.

Mas não espere colher aqui explicações técnicas profundas comparando os vários modelos e equipamentos que tem disponíveis mundo afora!

Afinal minha experiência no mundo sob 2 rodas é algo recente, com uma pequena bagagem de 12 meses. E neste curto período tive duas motos: uma Tenere 250cc (minha"Magrela", minha primeira moto => http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/01/minha-1a-moto.html) e depois pulei para minha amada "Cavala", a moto que usei na viagem - uma BMW r1200GS modelo sport 2008 (http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/03/minha-2a-moto_26.html)

Mas antes de tudo, gostaria de te dizer o seguinte...

Uma viagem começa no momento em que você decide fazê-la, e se bem planejada e pensada os momentos de preparação podem (e devem!!) ser tão saborosos quanto a viagem em si.

Assim foi pra gente ao longo de 2012 onde tratamos nossa preparação como um grande projeto envolvendo várias etapas tais como:  aprender a andar de moto, desenvolver o skill de pilotagem on/off road, escolher equipamentos, eletrônicos, muitas pesquisas, a escolha do roteiro, aprender os meandros de filmagens e edições de vídeo, preparação física, treinamentos de pilotagem, vários encontros e reuniões de planejamento, e inúmeras pequenas viagens e passeios colocando em prática tudo que estava sendo planejado e idealizado.

E é importante você também colocar em perspectiva que uma viagem pode ser feita de qualquer forma, de várias maneiras: com muita ou pouca infra-estrutura, com muito ou quase nenhum planejamento.

Séculos atrás os caras cruzavam oceanos por meses seguidos a bordo de pequenas caravelas com muito pouco equipamento, tecnologia e por consequência conforto - e hoje tem gente que só cruzaria o oceano a bordo de grandes e sofisticados navios. Mas há também aqueles que mesmo com todo equipamento e tecnologia disponíveis, preferem uma grande aventura a bordo de um pequeno veleiro sem motor.

Ao longo do nosso percurso esbarramos com gente viajando de bike, vimos caras a pé, de carro, de trailer ...e vimos também vários caras de moto de todos os tipos e tamanhos cruzando as Américas por meses seguidos em estradas alternativas.

Logo o juízo de valor sobre o que é certo ou errado em uma empreitada como esta é muito relativo sendo uma decisão estritamente pessoal, a gosto do freguês.

E se você esta olhando agora para sua Magrela ou para sua Cavala e pensando "...será que ela aguenta tal empreitada?" ..já te digo de bate pronto: Aguenta sim!! Tudo vai depender das suas expectativas e do seu grau de preparação.

E para você melhor compreender nossas opiniões, coloque o seguinte em perspectiva:

Rodamos 21 dias, 9.700 km - onde cruzamos o Sul do Brasil, o Centro-Norte da Argentina, o Chile, o Norte do Uruguai e retornamos a SP cortando o Rio Grande do Sul e litoral de Santa Catarina.

E durante este período rodamos por estradas movimentadas e abarrotadas de caminhões - que geram turbulência e te convidam o tempo todo a ultrapassar;

Cruzamos longas retas e estradas bem delineadas que te convidavam a acelerar e curtir a pilotagem;

Comemos poeira e ralamos em longos e cansativos trechos de estrada de terra;

Subimos na altitude com ar rarefeito forçando o equipamento e nosso cérebro;

Derretemos em trechos muito quentes a 40 graus e congelamos em lugares muito frios a quase zero graus;

..e por fim, todos os equipamentos - inclusive nosso esqueleto! - tiveram uso intenso por horas seguidas em dias consecutivos.

Enfim, vamos lá...

E para não ficar muito longo quebramos nossas opiniões em alguns posts começando pelo que segue logo aqui abaixo. E sintam-se sempre a vontade em também fazer seu comentário ao final do post ou direto por email para gente (minhamotoeeu@gmail.com).

Até!!


(1) Sobre as Motos ***************

Ambas BMW r1200gs. A minha, modelo sport 2008 saiu com 29.000km; a do Richa modelo Premium 2009 saiu com 19.000km;

DESEMPENHO: Não consigo colocar defeito nelas - dado que tiveram comportamento exemplar ao longo de toda a viagem sem nenhum tipo de falha, soluço ou mal funcionamento.

Bom torque e forca, acelerando sem esforço mantendo médias de velocidade confortáveis a 130km/hr - 140km/hr (podendo ser maior, a gosto do freguês).

Compensou muito bem as diferenças de combustível e variações de altitude. Boa estrutura e peso também muito úteis nos trechos de turbulência e vento.

Talvez ela não seja a melhor moto do mundo em cada um dos trechos - talvez perca para KTM 990 no offroad, ou seja atropelada por uma Ducati multi-estrada no on road - mas fato é que esta moto é campeã no quesito versatilidade e confiabilidade tendo bom desempenho e conforto em todos os trechos que passamos.

MANUTENÇÃO: Fui bastante cauteloso e precavido no Brasil antecipando revisões e trocas de pecas. Antes da viagem ela estava com 29.000 km mas mesmo assim eu pedi na autorizada para rodar a revisão dos 40.000 antecipando inclusive as trocas de peças como filtro de óleo, filtro de ar, correia e velas; Antes da viagem retirei o paralama traseiro dado trechos offroad que passaríamos - observando a dica recebida na própria autorizada no momento da revisão. Foi uma dica acertada. A dica veio na véspera da partida não dando tempo para o Richa fazer o mesmo e tal peça quebrou ao longo da viagem;

PNEUS: Esbarramos com gente ao longo do percurso que iniciava viagem com pneu em meia-vida, sendo obrigado a fazer a troca (e perdendo tempo) ao longo do percurso. Este não foi nosso caso, pois preferimos sair do Brasil com pneus zerados com margem de sobra para ir e voltar. Colocamos o mesmo modelo que vem de fabrica o - Tourance Metzeler (http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/10/manutencaorevisao-troca-dos-pneus.html). Foi uma decisão acertada, pois se mostrou perfeito no asfalto indo bem também na terra batida - e com desempenho razoável na terra fofa (que foram pequenos trechos da viagem). Resistiu bravamente as várias pedras e buracos, e chegamos com eles ao Brasil ainda em meia vida (daria para rodar mais uns 9.000 km).

BANCO: ambas as motos estavam com banco da adventure (o dono anterior havia trocado) - sendo mais largo e mais confortável do que o tradicional - sendo muito útil para o piloto e garupa principalmente depois de longas horas consecutivas;

GARUPA: as esposas eram mais "calouras" do que os pilotos - mas mesmo assim vieram muito a vontade, com nenhum tipo de reclamação quanto ao conforto, posição e segurança nas motos. Os momentos difíceis que elas passaram mais tinham a ver com os trechos offroad e altitude do que com a moto em si;

ITENS & PECAS SOBRESSALENTES: Levamos 3 litros de óleo reserva para ambas as motos, dado que é normal o óleo baixar um pouco ao longo do percurso. Mas exageramos, pois usamos somente 1 litro com as duas ao longo de todo percurso. Não levamos mais nenhuma peça sobressalente, nos limitando a sair do Brasil com endereços de autorizadas ao longo do percurso para uma eventual emergência.

CONCLUSÃO: ...enfim, resumindo em uma única frase: considero uma moto perfeita para este tipo de viagem, valendo cada real nela investido.


(CONTINUA EM UM PRÓXIMO POST)



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