Planej. Viagem Atacama - Parte 3: Riscos & Preocupações

São Paulo, 3 de Novembro de 2012

Escrevo este capitulo como um grande checklist final para viagem dado que a data partida é eminente, faltando apenas poucos dias.

Escrevo e repenso em cada item, cada acessório, percorro os pensamentos, relembro das varias conversas e informações colhidas em blogs e sites mundo afora... e tento, na medida do possível, "imaginar e projetar" as inúmeras situações e riscos que podemos ter pela frente.

Para Você amigo aventureiro e viajado talvez boa parte dos itens seja uma chatice, ok te entendo. Mas um bom planejamento e preperação são as únicas armas que me restam para combater a pouca experiência.

E se você quiser contribuir com algum pensamento adicional, fique a vontade em comentar no fim deste post.

Enfim.. Vamos lá..

1 - Falta de dinheiro (Risco: baixo)

Em muitos locais ao longo do percurso não aceitam cartão de credito - principalmente postos de gasolina em locais mais distantes. Logo vamos sair do Brasil com algum dólar, peso argentino e chileno. E a ideia é ir complementando e sacando mais com cartão nas cidades maiores.


2 - Falta de vaga nos hotéis (Risco: médio)

Li bastante a respeito dos locais onde vamos passar e decidimos fazer reserva via internet (via booking, expedia e decolar) somente nos trechos mais procurados: Atacama, Cafayate e Purmamarca.

Já nos demais trechos, vamos nos basear no próprio GPS pesquisando hotéis disponíveis e próximos em cada região.


3 - Polícia corrupta (Risco: médio)

Vamos esbarrar com ela principalmente nos trechos pela Argentina. A moto e a documentação estão 100% ok, mas mesmo assim estamos deixando a carteira com algum (pouco) cafubá para agradar os corruptos.


4 - Perder-se pelo caminho (Risco: baixo)

Hoje em dia... Na era do "Google" tal risco significa somente atraso e mais história para contar. Mas ok, me preparei para isso sim.

Nosso roteiro esta bem plotado no GPS Garmin, e caso o bicho quebre... temos o segundo GPS na outra moto. Mas contamos também com mapas em papel (destes que seu pai usava) e por ultimo contamos com o bom "Google maps" a ser acessado por qualquer wifi pelo caminho.

Mas na verdade, espero sim me perder e depois me achar... E perder de novo...

Pois afinal esta viagem é para conhecer mundo a fora... E nosso roteiro é um mero "guia de referencia", não sendo caminho obrigatório. Logo, "perder-se" é o melhor tempero deste projeto.


5 - Perder-se do parceiro

Somos somente 2 motociclistas e temos o mesmo estilo de pilotagem e motos equivalentes - o que já ajuda bastante.

E estamos também bastante "ensaiados" dado os inúmeros passeios e viagens que fizemos juntos ao longo dos últimos 6 meses. Buscaremos manter sempre distancia visual, e a qualquer distanciamento estaremos sempre reduzindo buscando reagrupar.

Estaremos também conectados pelo comunicador (scala rider).  Mas mesmo assim, nunca se sabe...


E temos como contingência um radio motorola com alcance de 30 km. E mesmo assim se tudo falhar (bem improvável) nosso procedimento será buscar reencontro na primeira cidade, buscando contato por email via internet.



6 - Falta de combustível (Risco: Médio)

Estaremos sempre parando a cada 150km a 200km para esticar as pernas, se alimentar e abastecer. Ja plotei no GPS (usando o SW mapsource da garmin) os locais de parada sempre em torno dos postos de gasolina.


E mesmo caso um deles não tenha gasolina, estaremos com um galão reserva de 5L em cada moto - suficiente para rodar pelo menos +80km - até o próximo posto.



7 - Pneu furado (Risco: Médio)

Os pneus são zerados - o que já diminui o risco. Mas estamos levando também dois tipos de reparos: um para furo com pregos (reparo com "macarrão"), e outro (spray/vacina) para furos pequenos. E estamos levando um pequeno compressor que liga na tomada 12v da Cavala.

Mas caso o pneu rasgue... Aí não tem jeito, nos restaria buscar reboque e tentar trocá-lo.


8 - Doença & mal estar (Risco: alto)

A primeira grande medida preventiva foi a perda de peso e readequação de hábitos alimentares os quais vou levar comigo ao longo da viagem (barras de cereal, vitaminas, etc.). Me sinto muito bem e preparado para tal empreitada.

Mas mesmo assim com as grandes variações de temperatura e altitude o esqueleto talvez fraqueje. Afinal, em um dia vamos pegar 45 graus... Para poucas horas depois subir a 5.000 metros e pegar quase zero.... Sendo muito "brusco" para qualquer organismo.

Me preocupa muito o mal da altitude. Ja li relatos de acidentes e desmaios provocados por ele. Nossa ideia é mascar folha de coca como forma de combate-lo.

Estamos levando também: dorflex, novalgina, anti-inflamatório, engov, colirio, antiacido, remédio pra gripe, diarréia, estômago, etc.. afinal, nunca se sabe, não é?!

E me informei e avisei também o plano de saúde... falando sobre a viagem, buscando entender os procedimentos em caso de emergência.


9 - Problema mecânico (Risco: médio)

Como a Cavala é toda computadorizada e cheia de componentes eletrônicos, caso haja uma pane/defeito, o que nos reta é buscar reboque até a autorizada mais próxima - o que pode representar o fim precoce e melancólico da nossa viagem. Logo o que decidi fazer é agir preventivamente e em dobro!


Eu falei no penúltimo post sobre a revisão dos 30.000km onde os caras rodaram um pequeno checklist que envolveu a troca de óleo e filtro, lembra?! ...mas não me dei por satisfeito com ela.

Fiquei sim muito P da vida com a oficina que fez o primeiro serviço dado episódio da mala voadora (você leu os últimos posts?!) ...e além disso achei que o motor voltou desregulado.

Então logo depois da minha " ira" veio a desconfiança. Afinal, "se os caras são fracos nos procedimentos e me devolvem a moto desregulada e com a mala solta, quem me garante que tudo foi efetivamente checado e revisado com qualidade e atenção?", pensei.

Decidi então ser mais detalhista, mudei de oficina (nunca mais piso na outra!!) e decidi antecipar a revisão dos 40.000km, pois esta sim é bem mais completa. Estou então trocando algumas peças de forma preventiva, todas compradas recentemente na minha viagem a Orlando (vide último post).

Ta custando mais do que o previsto, mas acho que vale a precaução. Afinal, não é sempre que a gente vai de moto para o Atacama...


10 - Queda / Acidente

Este item e o próximo são riscos que acompanham todo motociclista a qualquer hora do dia, a qualquer tempo ou circunstância. Mas não se apavore, vamos por parte:

Primeiro: é melhor evitar a queda. E para tal nos resta uma moto bem revisada, pneus novos e uma pilotagem defensiva, atenta e sem exageros.

Segundo: a hipótese da queda é real e possível. Logo, me apoio também nos acessórios de proteção da cavala e nos meus itens de proteção como jaqueta, calca, botas longas, luvas e protetor de coluna - todos de boa qualidade.

Estes itens podem ajudar a se "reerguer da poeira" nos mantendo no prumo da viagem mesmo em caso de pequenas quedas. E caso ocorra, me resguardo também com alguns cabos reservas, silvertaipe e coisas do tipo... Nos sendo útil para amarrar ou prender qq tralha que se solte com um tombo bobo.

Por fim, caso haja um acidente maior, nos resta se apoiar na seguradora e chamar socorro (pra gente e pra moto). E para tal é mandatário a extensão dos seguros cobrindo os países visitados.

Como estamos em dupla e com rádio, qualquer situação de emergência pode ser resolvida mais "facilmente" (seria diferente se a viagem fosse "solo").

Pensei também em levar itens de primeiro socorros, mas como nada sabemos sobre o assunto, pouco adiantaria.



11 - Morte

Ninguém gosta de falar sobre isso. Ok. Eu também não gosto. Mas como pai de família me sinto na obrigação de prevenir caso o pior ocorra.

Neste caso tomei 2 medidas: primeiro, ampliei meu seguro de vida; e depois, estou deixando um documento escrito com todas as diretrizes e procedimentos a serem tomados em caso de óbito. Descrevendo para familiares o que fazer com banco, contas, para quem ligar... Etc.

É isso! To ficando doido não, faz parte do projeto.

E bola pra frente!