Atacama - 5o dia - Salta/AR - Cafayate/AR

Cafayate/AR, 18 de Novembro de 2012

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Trajeto: Salta/AR - Cafayate/AR, via RP33 e RN40.

Comentários (pós-viagem): Trecho fantástico cortando o Parque Nacional Los Cardones - um dos pontos altos da viagem. Atenção pois o trajeto é 95% por rípio com trechos de areia fofa. Leve água e comida pois são raros os locais de alimentação. Não há abastecimento pelo caminho, sendo obrigatório abastecimento antes de iniciar o rípio. A RN40 somente vira asfalto quando bem próximo a Cafayate.

Distância do dia: 290km (80% terra x 20% asfalto)

Tempo Pilotando: 8:30 (de 11:00 as 19:30)

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Hoje andamos de moto por um dos lugares mais fantásticos e bizarros que já estive. Anote aí: Rp33 e RN40 - cortando a Cordilheira pelo Parque Nacional Los Cardones. Simplesmente Fantástico ! Mas eu errei o meu plano, preciso confessar.

A Zuleica - nome de batismo do meu GPS Garmin - já estava com tudo plotado a tempos, pois há meses já havíamos planejando esta rota. Só que imaginei que fosse um passeio simplório pelas montanhas, parando para bater fotos, almoçar e coisas do tipo. E como seria moleza, não saímos cedo e fomos sem pressa.

E de fato o inicio do percurso foi como o idealizado. Levamos umas 2 horas para percorrer 30 km com vários clics a cada 100m tamanho o deslumbre com a natureza. Mas a surpresa veio quando lá no alto da montanha - a 3.400 metros de altura - a estrada perfeita de asfalto deu lugar ao rípio -  estrada de terra batida, com cascalho solto e vários trechos de areia fofa.

Se estivéssemos sem garupa e sem todas as bagagens... Este trecho seria sinônimo de alegria e diversão. Mas com a moto tão pesada e o horário avançado (eram 15:00)... se tornou preocupação.

Olhei de novo para Zuleica e ela marcava que a próxima dobra no mapa era em 20 km, " Ok.. bola pra frente... daqui há pouco o asfalto volta", pensei. Seguimos pilotando com muita cautela... Preocupados em não derrubar todas as donzelas.

Lá pelas tantas começamos nossa pilotagem em pé, tamanho os trechos de terra fofa. A cavala rebolava para um lado, soltando poeira pelos cascos e a gente seguia nossa tocada firmes.

O tempo passava e a cada curva parecia que mudávamos de planeta. Ora o visual era dos Pirineus que depois mudava para Deserto do Saara, depois mais avermelhado como em Marte (imagino que seja assim) e por ai vai.

2 horas depois chegamos em um pequeno vilarejo no meio do nada e paramos para comer algo. Achamos somente uma pequena portinhola aberta que vendia água e tinha um pequeno banheiro para as meninas.

Aproveitei e pedi informação. Foi quando meu queixo caiu após a menina me dizer que seria rípio até nosso destino final em Cafayate - seriam mais 120km na poeira! "Caramba, fiz merda!", pensei. Falha grava como navegador!

Olhei para o relógio e calculei mais umas 2 horas até o por do sol... e se fossemos sem paradas talvez desse para chegar antes do anoitecer. Saquei da mala minhas barras de cereais, proteínas, etc... Reabastecemos o esqueleto e tocamos pra frente.

Que desafio!

Por horas pilotamos em pé, com concentração total, debaixo de um calor de 33 graus. Usei e abusei das filmagens com a GoPro - mais de 200 filmes! Colocamos em prática também todo o skill aprendido no curso offroad que fizemos na BMW (http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/07/bmw-rider-training-off-road-em.html) e lembramos também do nosso treino pela estrada de Salesópolis (http://minha-moto-e-eu.blogspot.com.br/2012/08/estrada-da-petrobras-salesopolis.html) - sem ambos estaríamos lascados hoje.

Fato é que aos poucos a aventura foi dando lugar ao esforço, que depois virou sacrifício. Suadeira geral, dores nos ombros, punhos, joelhos... mas fomos adiante.

De novo como quem avista terra depois de uma travessia oceânica.... às 19:30 avistamos o asfalto! Que alegria! Comemoramos aos berros a missão cumprida, sem quedas.. e tocamos o barco até a primeira cerveja gelada!

E não se apavore! Pois valeu cada km ! Anote aí este roteiro como trecho obrigatório para você visitar. Seja de carro, seja de moto. Eu faria tudo de novo... Só que eu teria me organizado melhor levando mais água, com mais tempo, mais comida... sem pressa.


E antes de fechar..  preciso dar uma salva de palmas para nossa mulheres.  Não são Ogras como nosotros.. porém são guerreiras ! Encararam de frente o desafio..  sacudiram na garupa, rebolaram junto com as Cavalas.. passaram fome, comeram poeira... mas se divertiram aos montes.

Enfim, as imagens falam por si só.

VEJA O FILME ==>  http://youtu.be/W-q9bX_2PAo