terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Velejar x Andar de Moto

São Paulo, 30 de Janeiro 2012


Velejar requer uma mistura de planejamento, ousadia, desprendimento,  respeito pela natureza e pela vida. 

No mar, tudo é grande: a sensação de liberdade,  de conexão com o mundo e com a natureza - e ao mesmo tempo somos tão insignificantes diante desta imensidão! E essa imensidão é ao mesmo tempo maravilhosa e ao mesmo tempo "traiçoeira" pois pode te engolir e em um segundo tua vida (ou a vida dos que vc vai deixar) vira de cabeça para baixo. Simples assim, em um piscar de olhos.

Tortola, abril2011




O duro é que este é um hobbie caro. É um hobbie que não rola no dia-a-dia. Seja pela distância do mar, seja pelo tempo necessário (ou pela falta dele), seja pelo $$$ envolvido. Fato é que este prazer consigo ter somente 1 ou 2 vezes ao ano - no máximo. Daqui há uns anos, quem sabe...

E assim, neste último ano (2011) iniciei minha procura por um outro hobbie - algum para o dia-a-dia, buscando acalmar minha sede de aventura, buscando mexer um pouco no meu cotidiano. Então me atrevi a experimentar o mundo sob 2 rodas.

Perceba que se eu trocasse a palavra velejar e mar por andar de moto e estrada..   o restante do enredo deste post permaneceria intacto - com sensações, respeitos, medos e prazeres "similares".  E estes sentimentos e experiências são exatamente o que estão por trás da minha busca - e é exatamente assim que me sinto hoje andando de moto.

Me vejo diante de um hobbie que cabe no meu bolso,  no meu momento de vida e que proporciona exatamente a mesma sensação de liberdade e aventura que encontrei no mar - apesar de envolver riscos e preocupações.

Tenho lutado contra meus fantasmas internos, confesso.

"Por que se enveredar por um hobbie perigoso... procura outra coisa pra fazer" - é o comentário que alguns amigos e familiares me tem feito. Eu poderia sim, talvez. Mas não. Sou cabeça dura e teimoso - como já comentei em outro post.

Quando eu tinha 10 anos, meu pai me levou para visitar um tio distante que tinha  perdeido a perna em um acidente de moto. O cara tava todo quebrado e enfaixado. Pronto! De uma forma indireta meu pai me explicou claramente os limites e o que deveria ou não experimentar na minha juventude (no ponto de vista dele, obviamente). E funcionou! Passei meus últimos vinte e cinco anos achando "um absurdo" e "criticando" os amigos que andavam de moto. É...  meu pai era um cara esperto (rss).

E este  "trauma / respeito" durou até mês passado - qdo comprei a Magrela (te250cc) - e cá estou eu planejando uma Travessia de moto pela Cordilheira dos Andes - e escrevendo um blog sobre esta aventura! 

Mas meus fantasmas continuam presentes.

Além do receio com minha saúde/integridade física, adicionei à lista de preocupações o exemplo que estarei passando para meus dois filhos pequenos. Se eles crescerem me vendo andar de moto.. como vou explicar - quando tiverem 15, 16 anos que este hobbie envolve riscos e exige maturidade? Enfim... penso nisso em cada acelerada, em cada curva. Meu moleque mais novo (o de 4 anos) tem falado em querer andar de moto comigo..   tenho me esquivado dizendo para ele que "moto somente  depois dos 35 anos - senão a polícia prende!" Bom, por enquanto está funcionando (rss)..    Mas sei que, em breve, vou ter que pensar em alguma outra saída mais brilhante - assim como meu pai o fez.  Enfim, vamos ver.

Por enquanto, vamos tocando o barco (ou a moto)...

2 comentários:

  1. Lendo uns emails, achei este trecho de Cora Coralina...lembrei do seu projeto...Lá vai :
    " Desistir ? eu já pensei seriamente nisso, mas nunca realmente a sério. É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas,....mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça." Boa sorte! Que seu Anjo da Guarda te acompanhe sempre! bjs,Lucia/PP Runner. Agora tb sua seguidora...rsrs

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