Velejar requer uma mistura de planejamento, ousadia, desprendimento, respeito pela natureza e pela vida.
No mar, tudo é grande: a sensação de liberdade, de conexão com o mundo e com a natureza - e ao mesmo tempo somos tão insignificantes diante desta imensidão! E essa imensidão é ao mesmo tempo maravilhosa e ao mesmo tempo "traiçoeira" pois pode te engolir e em um segundo tua vida (ou a vida dos que vc vai deixar) vira de cabeça para baixo. Simples assim, em um piscar de olhos.
Tortola, abril2011
O duro é que este é um hobbie caro. É um hobbie que não rola no dia-a-dia. Seja pela distância do mar, seja pelo tempo necessário (ou pela falta dele), seja pelo $$$ envolvido. Fato é que este prazer consigo ter somente 1 ou 2 vezes ao ano - no máximo. Daqui há uns anos, quem sabe...
E assim, neste último ano (2011) iniciei minha procura por um outro hobbie - algum para o dia-a-dia, buscando acalmar minha sede de aventura, buscando mexer um pouco no meu cotidiano. Então me atrevi a experimentar o mundo sob 2 rodas.
Perceba que se eu trocasse a palavra velejar e mar por andar de moto e estrada.. o restante do enredo deste post permaneceria intacto - com sensações, respeitos, medos e prazeres "similares". E estes sentimentos e experiências são exatamente o que estão por trás da minha busca - e é exatamente assim que me sinto hoje andando de moto.
Me vejo diante de um hobbie que cabe no meu bolso, no meu momento de vida e que proporciona exatamente a mesma sensação de liberdade e aventura que encontrei no mar - apesar de envolver riscos e preocupações.
Tenho lutado contra meus fantasmas internos, confesso.
"Por que se enveredar por um hobbie perigoso... procura outra coisa pra fazer" - é o comentário que alguns amigos e familiares me tem feito. Eu poderia sim, talvez. Mas não. Sou cabeça dura e teimoso - como já comentei em outro post.
Quando eu tinha 10 anos, meu pai me levou para visitar um tio distante que tinha perdeido a perna em um acidente de moto. O cara tava todo quebrado e enfaixado. Pronto! De uma forma indireta meu pai me explicou claramente os limites e o que deveria ou não experimentar na minha juventude (no ponto de vista dele, obviamente). E funcionou! Passei meus últimos vinte e cinco anos achando "um absurdo" e "criticando" os amigos que andavam de moto. É... meu pai era um cara esperto (rss).
E este "trauma / respeito" durou até mês passado - qdo comprei a Magrela (te250cc) - e cá estou eu planejando uma Travessia de moto pela Cordilheira dos Andes - e escrevendo um blog sobre esta aventura!
Mas meus fantasmas continuam presentes.
Além do receio com minha saúde/integridade física, adicionei à lista de preocupações o exemplo que estarei passando para meus dois filhos pequenos. Se eles crescerem me vendo andar de moto.. como vou explicar - quando tiverem 15, 16 anos que este hobbie envolve riscos e exige maturidade? Enfim... penso nisso em cada acelerada, em cada curva. Meu moleque mais novo (o de 4 anos) tem falado em querer andar de moto comigo.. tenho me esquivado dizendo para ele que "moto somente depois dos 35 anos - senão a polícia prende!" Bom, por enquanto está funcionando (rss).. Mas sei que, em breve, vou ter que pensar em alguma outra saída mais brilhante - assim como meu pai o fez. Enfim, vamos ver.
Por enquanto, vamos tocando o barco (ou a moto)...